Prefeitura quer que Rumo cerque linha férrea no Centro
Declaração foi dada pelo secretário de segurança em encontro com lojistas do Centro; intenção é inibir presença de desocupados
A Associação Comercial e Industrial de Limeira (Acil) realizou, na manhã desta terça-feira, um encontro com lojistas da região central para discutir questões relacionadas à segurança. A adesão de comerciantes não foi a esperada, de acordo com o presidente da Acil, Valmir Martins. “ A gente queria que este auditório estivesse cheio de lojistas para discutirmos assuntos do nosso interesse, mas avalio como positivo o encontro com os que vieram”, disse o mandatário da associação.
A reunião também foi usada como uma prestação de contas da Polícia Militar (PM) e da Guarda Civil Municipal (GCM). As duas corporações apresentaram dados dos trabalhos realizados no centro e estatísticas criminais da região. Responsável pelo policiamento da área central da cidade, o capitão Herlon de Paula, ainda ressaltou que a disseminação descontrolada de imagens de crimes, dá ao munícipe a sensação de insegurança, mas que os números compilados pela secretaria estadual mostram uma situação sob controle. O comandante ainda alertou para a importância do registro da ocorrência para o direcionamento do trabalho da PM.
O comandante da GCM local, André Hailer, ressaltou que nos 12 meses de 2023, os agentes municipais realizaram mais de 1,2 mil abordagens a pessoas em estado de vulnerabilidade, no Centro, das quais 166 aceitaram ajuda do Poder Público, ofertado no momento da abordagem. “A maioria não quer ajuda e nem sair daquela situação e, nestes casos, não há o que ser feito”, alegou o comandante. Destas pessoas, de acordo com os dados, 60% das pessoas têm família em Limeira. A corporação ainda realiza, atualmente, uma operação de presença, principalmente, na região bancária da cidade.
Ainda representando o Poder Executivo, o secretário de segurança pública de Limeira, Wagner Marchi afirmou que a Prefeitura deve solicitar junto à concessionária que explora o serviço ferroviário na região, que cerque a linha do trem para evitar a aglomeração de desocupados e viciados em drogas. Marchi entende que a situação em que se encontra as margens dos trilhos e do ribeirão é um atrativo para o cometimento de pequenos delitos na região central. “Eles estão encontrando ali um ambiente favorável para cometer os delitos e se esconder”, frisou.
As secretarias do Meio Ambiente e de Obras e Serviços Públicos também já foram acionadas para a retirada de árvores da região. “As espécies que estão ali são invasoras e não haveria problemas na supressão. A gente poderia fazer a recomposição com árvores nativas, em outro lugar”, relatou Marchi. Com a retirada, o local ficaria mais claro e exposto, o que já inibiria a presença destas pessoas.
O delegado da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), que acumula a função de titular da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de Limeira, Leonardo Burger, discorreu sobre o contexto em que a situação de segurança está inserida. “Quando eu assumi a [delegacia de] narcóticos, tive que estudar como reprimir o crime na cidade”. Para o policial, a presença de desocupados e usuários de drogas às margens da linha férrea é o grande ponto a ser explorado pelas forças de segurança.
Ele disse que, paralelo ao trabalho realizado pela Prefeitura, está montando um dossiê sobre a situação da baixada da ferroviária, citando, também, a possibilidade de isolamento dos trilhos. O documento deve ser entregue ao Ministério Público. “Esta empresa [Rumo] ganha muito dinheiro explorando o serviço. Não é favor algum que ela cerque os trilhos”, disse. “Para mim, não tem conversa. É notificar o MP e pedir um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para a Rumo”, finalizou o delegado.
BOTÃO DO PÂNICO
Ao propor soluções, o secretário de segurança do município, alegou que, em conjunto com o Sicomércio, estuda a implantação do sistema de “botão do pânico” para os comerciantes. O serviço foi disponibilizado para as escolas do município após a onda de ataques ocorrida em abril do ano passado no país. O aplicativo seria instalado no celular do comerciante que, em caso de emergência, pediria ajuda acionando o dispositivo. Um alarme soaria no Centro de Operações Integradas (Copi), que enviaria a viatura imediatamente ao local. Para Marchi, o grande impedimento, neste momento, é disponibilizar mais licenças ao sistema, o que causaria um aditivo no contrato de prestação de serviço. De imediato, Marchi sugeriu a abertura de um canal de comunicação exclusivo ao lojista com o Copi. “A gente precisa e vai achar soluções para o problema da segurança, mas todos têm de fazer a sua parte e colaborar da forma que pode”, finalizou o secretário.
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