Homem morre ao agredir PM, mas família contesta
Uma ação de policiais da Força Tática da Polícia Militar (PM) de Limeira, na noite do domingo, terminou com a morte de Clodoaldo Costa de Souza, de 49 anos, na Avenida Jaime Cheque, no Parque Nossa Senhora das Dores. Os militares abordaram um adolescente, de 17 anos, que vendia entorpecentes a dois ocupantes de uma moto. Um dos ocupantes conseguiu correr e fugiu.
Assim que os jovens foram abordados, segundo a PM, duas mulheres e Souza, partiram para cima da equipe, tentando resgatar os abordados e agredir os policiais. Durante a confusão, um policial foi atingido com socos desferidos por Souza, que acabou baleado no peito. Após o tiro, o militar chamou o Samu e prestou os primeiros atendimentos ao homem, que morreu ainda no local.
Diante do cenário, populares se revoltaram com os policiais. Durante todo o trabalho da Polícia Civil e da perícia criminal, populares xingavam os militares. Após a retirada do corpo de Souza, desconhecidos atiraram pedras e garrafas contra as equipes policiais, que revidaram com técnicas de controle de distúrbio civil, com uso de granadas de fumaça.
Ao final, o caso de ato infracional de tráfico de drogas foi apresentado no plantão policial. O adolescente, que vendia os entorpecentes, foi sindicado em flagrante pelo delegado Siddhartha Carneiro Leão. Foram apreendidos 82 porções de maconha, das quais 26 estavam de posse do adolescente. O ocupante da moto foi ouvido na condição de testemunha e liberado da delegacia.
FAMÍLIA
Na tarde de ontem, a reportagem da Gazeta foi procurada pela família de Souza. A irmã dele, identificada como Paloma Costa de Souza, que não estava no local na hora do entrevero, alegou que soube pelas filhas de Clodoaldo que os policiais não gostaram de elas estarem filmando a abordagem. As moças alegaram que os militares agrediam os abordados, embora a imagem a qual a Gazeta teve acesso, não mostrarem os jovens apanhando.
Segundo Paloma, as filhas de Clodoaldo ouviram a abordagem de dentro de casa e viram que os suspeitos, supostamente, eram agredidos pelos policiais. Elas teriam sido atacadas pelos policiais, que perceberam que eram observados. Uma delas, carregava um sobrinho, de 3 anos e 7 meses, que é autista. A mulher teria sido empurrada e caiu, derrubando o menino.
Ao ver o neto em crise nervosa no chão, Clodoaldo teria se rebelado e agredido o policial. “Ele [Clodoaldo] não estava envolvido na ocorrência, mas ele partiu mesmo para cima do policial, pois o menino era tudo para ele”, relatou Paloma. A familiar ainda questiona a ação dos policiais em usar a arma de fogo contra o irmão e disse que vai registrar boletim de ocorrência para contar sua versão dos fatos. “Meu irmão não era flor que se cheirasse, mas ele estava vivendo a melhor fase da vida dele”, lamentou a mulher.
O comando da Polícia Militar (PM) alegou que era comum a interferência de Clodoaldo, que tem duas condenações (tráfico de drogas e porte de arma), em ocorrências no local. “A gente já tinha recebido relato que todas as vezes que havia abordagens naquele local, Clodoaldo tumultuava a situação”, relatou o subcomandante do 36º Batalhão da Polícia Militar (BPM/I) de Limeira, major Neymar. O oficial ainda relatou que um inquérito policial militar deve ser instaurado para investigar a ação dos policiais, mas ressaltou que não vê desvio de conduta do militar, se comprovado que ele estava sendo agredido pelo baleado. Clodoaldo foi sepultado na tarde de ontem, no Cemitério Parque de Limeira.
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