Número de vítimas de homicídios dobra em 2023
Levantamento feito pela Gazeta, com base em ocorrências policiais, aponta que em 2023 foram 20 mortes ante 10 em 2022
Os dados levantados pela reportagem da Gazeta de Limeira, no acompanhamento diário de ocorrências durante o ano de 2023, apontam que os casos de mortes violentas em Limeira cresceram 100%, se comparados aos 12 meses de 2022. Foram 20 vítimas no ano passado, ante 10 registros no ano anterior. Por outro lado, as forças de segurança já identificaram 12 dos autores. Alguns foram presos em flagrante ou tiveram suas prisões determinadas pela Justiça.
O primeiro caso do ano vitimou o adolescente Erick Delatore de Araújo, com 16 anos de idade, no dia 22 de janeiro. Ele foi encontrado morto em uma área verde do Jardim Lagoa Nova rural, com 21 golpes de faca pelo corpo. Um rapaz, de 20 anos, assumiu ter matado o jovem, mas a Polícia Civil apurou o envolvimento de um suposto líder religioso na morte. A causa seria o fato de o adolescente alegar que não frequentaria mais o centro religioso no Residencial Ernesto Kuhl.
Na mesma semana, aconteceram mais duas mortes. O assassinato do pedreiro José Eraldo Rodrigues, 59 anos, morto no Jardim Campo Belo, também com golpes de faca. Os autores, um rapaz, de 21 anos, e uma moça, de 23 anos, estariam devendo R$200 para a vítima que foi até a residência do casal fazer a cobrança. Ja no dia 28 de janeiro, o garçom Rafael Zancha Granzoto, 34 anos, foi morto após uma discussão com um agente da Guarda Civil Municipal, em um bar da Avenida Dr. Fabrício Vampré. O servidor público alegou legítima defesa, mas o Ministério Público pediu o seu indiciamento por homicídio doloso.
Em fevereiro, um duplo homicídio foi registrado em um canavial do Bairro do Jaguari, zona rural de Limeira. Duas pessoas foram encontradas mortas e carbonizadas na caçamba de uma picape, que pertencia a uma família americanense, moradora no bairro Antonio Zanaga. As duas vítimas seriam o filho do dono do carro e uma moça. A Polícia Civil já segue uma linha de investigação, mas, por enquanto, ninguém foi preso. Em março, no dia 6, uma mulher de 31 anos foi encontrada ferida no meio da rua Sardenha, no Jardim Colina Verde. Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu. O corpo dela foi reconhecido por familiares na noite daquela segunda-feira. As tatuagens ajudaram na identificação.
Em abril, uma briga entre dois desconhecidos causou a morte de Márcia Silva de Souza, de 44 anos, na porta de um bar, no Jardim Ouro Verde. O autor do crime, um artesão, de 39 anos, acreditava que seu celular havia sido furtado. Ambos discutiram e a mulher foi morta após o homem buscar uma faca em casa. Ele fugiu, mas foi preso em Piracicaba por agentes da Guarda Civil Municipal (GCM) local. O aparelho, pivô da morte, foi encontrado na casa do autor pela mulher dele e entregue à polícia.
Outra morte por motivo fútil foi a de Luan Henrique de Melo Santos, de 23 anos. Ele tentou apartar uma briga de casal na rua José Cândido da Silveira, no Jardim Jequitibá em 7 de maio e acabou morto a facadas. O autor do crime foi identificado. No mesmo mês, o catador de reciclável José Antônio Lopes morreu dois dias após ser atingido por uma pedrada, na parte baixa da rua José Cristovão Cardoso, próximo ao AME, durante uma briga com um desafeto, também identificado.
No primeiro semestre do ano aconteceram, ainda, mais duas mortes. Caio Cristiano de Freitas, de 23 anos, foi morto a tiros na porta de casa, no Jardim Inocoop. Familiares disseram que ele entrou no imóvel já ferido e foi levado à Santa Casa. Ele estava dentro do carro quando foi alvejado. A décima primeira morte do ano foi de Renan Fernandes Matos, encontrado morto, a tiros, no Jardim Campo Alegre, zona rural de Limeira, no dia 24 de junho. Ele teria sido raptado, junto com um funcionário, de um lava rápido próximo ao Limeirão. Segundo a testemunha ocular do crime, o patrão “sabia por que estava morrendo”. Ele teria “falado mais do que devia” e acabou pagando com a vida.
Depois de dois meses sem mortes violentas, a cidade registrou cinco casos em setembro, mês com mais casos. Gustavo Acácio de Assis, 37 anos, e Diego Rafael da Costa, 32, foram encontrados mortos em um canavial na divisa entre Limeira e Cosmópolis. Acredita-se que a morte tenha ocorrido na cidade vizinha e que os corpos foram desovados às margens da rodovia SP-133. Márcio Miatelo, de 45 anos, também figura como uma das vítimas. Ele foi morto dentro de casa no Jardim São Pedro. Imagens da câmera de segurança de um vizinho mostraram a fuga do assassino, identificado depois de uma informação que chegou às equipes policiais, ainda no atendimento do caso. Ainda em setembro, foi registrado o primeiro caso de feminicídio no Jardim Campo Belo. Angeliandra Antônia Alves Ferreira, de 32 anos, foi morta a facadas pelo marido que, em seguida, tentou explodir o próprio apartamento, em um condomínio. Ele também tentou se matar, mas foi detido por vizinhos e preso pela PM ainda no local do crime. Em 28 de setembro, ocorreu o caso de infanticídio contra Sophia Vitória Susan Vivoda, de 2 anos de idade. (veja box)
Em novembro, mais três casos foram registrados. Leonardo Antônio Morelli, 28 anos, foi morto na porta de casa, na rua Marino Negrucci, no Parque Hipólito. A desavença com um vizinho seria a causa da morte, testemunhada pela mulher da vítima. No dia 5, Maria Helena Ferreira Duarte, de 31 anos, deu entrada na Santa Casa, com ferimentos graves na cabeça. Ela morreu dias depois, no segundo caso de feminicídio. O marido dela foi preso, acusado de agredí-la.
O penúltimo caso do ano, envolveu um morador de rua morto no Centro de Limeira. Diego Aparecido Lemes foi espancado e abandonado na calçada da rua Dr. Trajano de Barros Camargo. Imagens feitas por testemunhas ajudaram na identificação e prisão dos autores, localizados no Centro de Acolhida da Rua Capitão Bernardes e Silva.
O último caso do ano ainda carece de melhor apuração e envolve a morte de Ademilson Martins de Souza, de 51 anos. Ele foi encontrado morto em cima da cama da chácara onde vivia, no bairro dos Pires. Na porta do armário havia uma carta de despedida. No entanto, a arma do suposto suicídio não foi encontrada e a Polícia Civil começou a investigar o caso como homicídio. Dias depois, um homem se apresentou à GCM de Americana alegando ter recebido R$1 mil da própria vítima para matá-la. Segundo o depoimento do suspeito, Souza queria se matar, mas não tinha coragem.
FOTO: 090124 - HOMÍCIDIO BALANÇO 2023 - Arquivo Carlos Gomide
Número de vítimas de mortes violentas dobrou em 2023, em comparação a 2022. FOTO: Arquivo Carlos Gomide
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