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Adolescente morre após cirurgia estética e caso reacende debate sobre idade mínima para procedimentos plásticos

O caso recente de uma adolescente de 14 anos que morreu após complicações de uma cirurgia de prótese de silicone no México trouxe à tona um alerta que preocupa médicos em todo o mundo: a idade mínima e os critérios adequados para realizar cirurgias plásticas em adolescentes.

Para a cirurgiã plástica Dra. Pamela Massuia, com mais de 3 mil procedimentos realizados, a tragédia reforça um ponto crucial: “O corpo de uma adolescente ainda está em formação. Intervenções estéticas nessa fase podem trazer riscos sérios, tanto para a saúde física quanto para o resultado a longo prazo.”

Quando operar e quando esperar

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), procedimentos estéticos em adolescentes devem ser avaliados com extrema cautela. Em geral:

  • Próteses de mama: só são recomendadas após os 17 ou 18 anos, quando o desenvolvimento já está estável.

  • Redução mamária: pode ser indicada mais cedo, a partir de 3 anos após a menarca, se houver dores, alterações posturais ou impacto na qualidade de vida.

  • Cirurgias reparadoras: como correções de má-formações ou sequelas de doenças, podem ser feitas em idades menores, desde que bem justificadas.

“A cirurgia não deve ser banalizada. É preciso avaliar maturidade física, emocional e motivação real. O desejo muitas vezes vem de pressões sociais ou inseguranças transitórias, e não de uma real indicação médica”, explica Pamela.

Riscos de operar cedo demais

Entre os riscos de procedimentos precoces estão:

  • Cicatrização desfavorável e assimetrias;

  • Alterações de sensibilidade;

  • Infecções e complicações anestésicas;

  • Impacto no crescimento natural do corpo;

  • Possíveis sequelas psicológicas ligadas à imagem corporal.

“Um resultado bonito hoje pode se tornar um problema amanhã se o corpo ainda estiver mudando. Por isso, além do exame físico, recomendo sempre uma avaliação psicológica para adolescentes que desejam operar”, reforça a médica.

Dicas práticas para famílias e pacientes

  • Cheque sempre a formação do cirurgião: ele deve ser especialista e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

  • Exija estrutura hospitalar adequada, com anestesista e protocolos de segurança.

  • Nunca aceite procedimentos clandestinos ou realizados em ambientes improvisados.

  • Converse sobre expectativas reais: a cirurgia melhora, mas não transforma quem a pessoa é.

  • Respeite o tempo do corpo: esperar alguns anos pode significar um resultado mais seguro e duradouro.

“Cirurgia plástica é um ato médico, não estético. Envolve riscos, cuidados e responsabilidade. O tempo certo existe e deve ser respeitado. É melhor esperar e fazer com segurança do que se arriscar e comprometer uma vida inteira”, conclui Pamela Massuia.

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