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Do ‘Bico do Corvo’ ao ‘Gente de quem?’

 

Livro ‘Iracemápolis em Crônica, Verso e Prosa’ reúne memórias de artistas da antiga e nova geração

 

“A turma da uma reunida no Bico do Corvo e lá vinha a Dita Bahia com sua sacolinha para fazer parte da galera; nisto começava uma festa. – A bunitezica da Dita, tamo ferrado; vamos ter que fugir...”. Começa assim o texto “Bunitezica da Dita", do escritor Rogério Francisco no livro “Iracemápolis em Crônica, Verso e Prosa”, lançado em comemoração ao aniversário da cidade.

De forma sensível e, ao mesmo tempo divertida, o autor relembra figuras tão conhecidas e admiradas pelos iracemapolenses, entre elas: Dita Bahia, Serjão do Palmiro, Nenão e Bráulio Rosseti. O ponto, que leva informalmente o nome até hoje de “Bico do Corvo” é, na verdade, um ponto de táxi próximo ao coreto, na Praça da Matriz e que sempre serviu de parada obrigatória para um bate-papo entre os colegas de tantos anos.

Ali, com a Igreja Jesus Crucificado ao fundo, se discutiam assuntos dos mais diversos e, como mostra Rogério em sua memória, não faltava também muita brincadeira. Para conhecer o diálogo retratado e as brincadeiras do Serjão, que, segundo Rogério, era o “comandante da alegria do Bico do Corvo”, é preciso ler o livro.

 

É GENTE DE QUEM?

Tão tradicional quantos os personagens do Bico do Corvo, é também a pergunta “É gente de quem”?. Quem chega a Iracemápolis, ou mesmo retorna após um período distante, se depara com o questionamento. E é sobre ele que escreve a professora Estéla Lamontagna Mouro.

Em um dos textos, Estéla narra a trajetória de uma moça vinda de outra cidade e que se depara com as frequentes perguntas que, a princípio, podem incomodar. No entanto, a jovem entende que “quando se faz essa pergunta talvez só se esteja querendo lembrar as próprias origens, resgatar memórias”.

Memórias que se firmam no texto do jornalista Henry Maximiller Villela. “É sexta-feira. O sol ainda está alto e já perto do meio dia, quando ouço o apito da Fábrica de Móveis de Iracemápolis. No centro da cidade, entro no tradicional Bar do Demir e do Lemão. O objetivo era ver se ainda restava um carrinho de sorvetes e garantir um dinheiro para o final de semana”.

Outro texto é do poeta Aparecido Rosales. “Das verdes matas em volta da lagoa, que vem de Iracema, nome de menina. Iracemápolis sempre crescendo”, cita.

O LIVRO

Rogério, Estéla, Henry e Aparecido estão entre os 24 coautores da publicação lançada pela Coordenadoria de Ação Cultural e Eventos. Segundo a pasta, o livro é uma coletânea de crônicas, poemas, fotos e pinturas sobre a cidade de Iracemápolis e seus moradores.

A coordenadora de Ação Cultura, Dalila Lamontagna Mouro, ressalta a importância do projeto para a cidade. “Para mim, a realização desse livro é uma forma de eternizar a nossa cultura e nossos artistas locais, pois deixamos um espaço aberto para escritores, mas também fotógrafos, pintores e diversos tipos de produções também ficarem eternas na forma de um livro” destacou.

“Um artista consegue transformar o seu tempo, o meu tempo, e a qualquer tempo, em um sentimento, seja ele qual for. Penso eu que um artista em toda sua magnitude e plenitude tem o dom de modificar todo e qualquer momento”, destacou a prefeita Nelita Michel, que foi responsável por escrever a apresentação do livro.

A coletânea foi uma realização da Prefeitura Municipal, por meio da Coordenadoria de Ação Cultural, com colaboração da Academia Mundial de Letras da Humanidade.

O livro encontra-se na Biblioteca Municipal de Iracemápolis para empréstimo à população.

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