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Geólogo iracemapolense lança livro de contos sobre o ouro

Imaginem o saudoso personagem Jeca Tatu resgatando histórias do mineral desde o século XVIII, o extrativismo nas Minas Gerais, até os dias atuais, de garimpo criminoso na Amazônia? Essa foi a dinâmica astúcia do geólogo, Everaldo Gonçalves, nascido em Iracemápolis, ao lançar o “Fetiche do Ouro e a Pedra Milagrosa na Filosofia Caipira”. O livro reúne quatro contos escritos ao longo dos últimos 50 anos, conforme o tempo e a atividade do autor que é geólogo de profissão, jornalista na distração e empresário por acaso.

Em entrevista especial para a Gazeta, Everaldo relatou suas lembranças de menino em Iracemápolis e em Limeira. Dos tempos da Usina Iracema, da chegada de seus pais e um pouco da vida do experiente profissional e de sua caminhada, por boa parte do território nacional e alguns países, pois “a Geologia entra pelos pés e daquilo que eu vi já posso contar”, comenta o autor, que escreveu os contos ao longo da vida adulta.

Everaldo que ainda possui familiares em Limeira relata que visita esporadicamente a região, mas que guarda lembranças do tempo de criança. No livro que é dedicado ‘in memoriam’ aos pais Jandira e Narciso, o dialeto caipira é uma homenagem a terra que o acolheu. “Nosso idioma é arrastado, por vezes sofreu preconceito, por isso quis colocar cultura na boca do caipira”, disse. O livro explora a linguística ao apresentar um glossário caipirês de A a Z. “Amarrá”, “coroner”, “andá”, “trabaiá” se intercalam com explicações sobre quem é Aristóteles, Charles Darwin ou Karl Marx, entre tantas definições que esclarecem o conto final.

O geólogo já publicou textos científicos críticos e de divulgação e guarda um estoque de livros que tem de divulgar para mostrar sua versão histórica, entre eles “O Golpe em Carajás”, “A Saga de Serra Pelada”, “Eike e a Questão do X”, “Geologia e Marxismo”, “Jazida Autropogênica” (termo definido por ele, para aquelas jazidas geradas pelo homem, que interfere tanto na natureza que produz um novo ciclo mineral). O geólogo também relatou que há textos guardados sobre a Gruta da Paz em Limeira, onde descreve a disputa entre terras, as rochas vulcânicas e o Morro Azul. “Este eu garanto que mando com exclusividade para vocês”, prometeu para a redação da Gazeta.

No livro lançado e publicado em menos de dois meses, há um pouco da vida do experiente profissional e de sua caminhada, por boa parte do território nacional e alguns países, pois “a Geologia entra pelos pés e daquilo que eu vi já posso contar”, comenta o autor, que escreveu os contos ao longo da vida adulta. Ateu convicto e materialista por formação científica, o geólogo entrega em "O Conto do Vigário dos Sinos"; "Garimpeiro Maluco"; "A Pedra de Drummond"; e "A Pedra Milagrosa na Filosofia Caipira" um relicário de preciosidades econômicas, históricas, sociais e linguísticas.

“O desafio de escrever é imaginar que alguém vai ler e o autor possa passar a mensagem que mexa com a cabeça do leitor. Maior provocação à língua é reproduzir a fala caipira na escrita, pois os linguistas sabem muito bem que todas as formas de comunicação oral mantêm gramática própria que se interconecta às demais e são motivos do desenvolvimento humano. Foi gratificante recuperar minha infância ouvindo a fala caipira, na selaria de meu pai Narciso, que não era o tal, mas que, pela chegada do automóvel, perdeu a profissão artística de artesão feliz, que fazia cantando, sozinho, um arreio de montaria completo a partir de um couro de boi curtido”, relatou em sua apresentação.

Everaldo relatou ainda que seu pai foi um dos grandes responsáveis pelos dois plebiscitos de Iracemápolis para que a cidade deixasse de ser comarca de Limeira. “Meu pai chegou solteiro naquela cidadezinha de Iracemápolis, que sem médico sempre precisavam da ajuda da enfermeira dona Jandira, minha mãe.  Morei cerca de dez anos em Diamantina, depois que abandonei o uso do relógio e o magistério na USP, para viver entre as serras do Espinhaço no campo rupestre. Aprendi muito no garimpo e ensinei, além dos alunos de Geologia de todo Brasil, como diretor do Centro de Geologia Eschwege da UFMG, a exímios garimpeiros as regras básicas de mineração e os cuidados ambientais”, relatou.

No extenso currículo, Everaldo foi presidente do Cepege (Centro Paulista de Estudos Geológicos), presidente da AGESP (Associação Profissional dos Geólogos do Estado de São Paulo). Foi professor da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal de Minas Gerais, secretário executivo do Cogemim (Conselho Estadual de Geologia e Mineração do Estado de São Paulo), diretor da Eletropaulo e presidente da CPFL - Cia Paulista de Força e Luz. Curiosamente, Everaldo também foi homenageado com o nome de uma planta: Vellozzia everaldoi”, originária de Diamantina. Também já escreveu ao portal Brasil 247 e sobre a história de “Inhotim” em um artigo especial para a Folha de São Paulo.

O livro que já está disponível pela Amazon e pelo Clube de Autores, é descrito pelo jornalista João Teixeira como uma verdadeira joia rara para geólogos, estudantes, economistas, sociólogos, filósofos, linguistas ou, apenas, amantes de uma boa leitura crítica da sociedade capitalista. “Nestes textos há um pouco de minha experiência profissional e de vida, por boa parte do território nacional e alguns países, pois a Geologia entra pelos pés e daquilo que eu vi já posso contar. Ficarei feliz se algum leitor sentir o impacto de minhas palavras qual cada pancada de meu martelo nas rochas que emitem sons característicos que as identificam e dadas nos locais certos clivam minerais e a fraturam, qual Friedrich Nietzsche com sua fala dura queria abrir as cabeças das pessoas de mente embotada”, relatou Everaldo.

 

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