Estiagem afeta produção de flores e Holambra investe em captação de água
Grande parte dos produtores de flores e de plantas ornamentais de Holambra estão preparados para lidar com longos períodos de estiagem, que normalmente acontece nos meses de outono e inverno. O investimento em sustentabilidade, que tanto beneficia o meio ambiente, também atinge a cooperativa por meio da qual a produção é comercializada para todo o Brasil. A Cooperativa Veiling de Holambra (CVH) já conta com um tanque com capacidade de armazenamento de 11 milhões de litros de água captada da chuva, antes obtida de poços artesianos.
O volume amortecido, proveniente desse processo pelos extensos telhados que cobrem todo o complexo da Cooperativa, vem sendo utilizado na irrigação dos jardins e na higienização de peças retornáveis do material circulante, como cestos e porta-vasos que transportam as flores e plantas. Outros usos que estão sendo estimulados é a limpeza de pisos e sanitários e outros fins que não necessitam de água potável.
Essa captação também serve como um colchão para absorver o impacto das fortes chuvas. Além do tanque reservatório, a CVH conta também com mais duas cisternas com capacidade para abrigar 10 mil litros de águas pluviais cada, onde bombas mantém continuamente o uso de seus volumes diários, e, em breve, uma caixa d’água para 100 mil litros de água de reuso. “Queremos dobrar a capacidade, tornando a Cooperativa 70% independente da sua necessidade de água, inclusive considerando o período de estiagem. “Nossos cooperados, conscientes em preservar os recursos naturais, com visão à longo prazo e preocupados com a sustentabilidade do nosso negócio, investem há muitos anos em projetos sustentáveis. Um desses projetos, talvez o principal, é a captação de água da chuva, crucial para manter a produção e a perenidade dos nossos negócios”, informa Jorge Possato Teixeira, CEO da Cooperativa Veiling.
FAZENDAS DERAM EXEMPLO
No sítio Lisa Flora, por exemplo, desde 2014 100% da água de chuva que cai sobre as estufas é captada e levada por canais de escoamento até o reservatório primário, onde é tratada com lâmpadas UV, e armazenada em um reservatório de 13 milhões de litros. Esse processo faz com que a propriedade seja autossuficiente em água por até quatro meses com a irrigação de uma área de 14.000 m², onde são cultivados, por mês, 70 mil vasos de antúrios de corte, dálias, sunpatiens, pelargoniums, portulacas, impatiens dobradas, dianthus dobrada e angelônias.
“Com o uso inteligente dos recursos naturais nosso objetivo é poupar os mananciais e garantir a segurança hídrica no período das secas. Assim, temos independência hídrica ao mesmo tempo em que cuidamos do meio ambiente”, explica a cooperada Stefanie Ruiter, sócia proprietária da empresa Lisa Flora.
Prática é realizada desde a década de 90
Na empresa produtora Symphony, a captação da água da chuva já é realizada há 30 anos. Na propriedade, onde são produzidos lírios, violetas, phaleanopsis, ixoras, antúrios e hortênsias, o armazenamento é feito em oito tanques interligados. Hoje, são captados 75 milhões de litros de água, usados para irrigar uma área de 150 mil m² e, a meta, é aumentar esse volume. No Rancho Raízes, onde são produzidos cerca de 2 milhões de vasos de crisântemos anualmente, a captação de água da chuva começou em 2014, sendo também utilizada para a irrigação da produção.
No sítio Isidorus Flores, os primeiros reservatórios foram construídos na década de 80 diante da necessidade de desviar o fluxo de água da chuva para evitar erosões na propriedade. Os investimentos foram direcionados para a construção de reservatórios e infraestrutura, dentro e fora das estufas, inclusive na área privada, para evitar que a água da chuva escoe desordenadamente pelo sítio. Hoje, são nove reservatórios, de diversos tamanhos, que armazenam aproximadamente 80 milhões de litros de água, utilizada na irrigação – por inundação e gotejamento - da produção anual de cerca de 1,600 milhão de roseiras, bolas belgas e plantas ornamentais em uma área de 80 mil m².
O produtor Johannes Kortstee conta que já enfrentou problemas em época de estiagem e, por isso, todos anos amplia a área de captação da água da chuva. “Investimos em reservatórios e em infraestrutura, como a instalação de dutos. Além disso, buscamos novos sistemas de irrigação que utilizem menos quantidade de água, como o sistema de inundação, no qual a planta absorve a água que necessita e, o restante, retorna ao tanque para ser usado no dia seguinte e, assim, sucessivamente. Estamos sempre em busca da melhor adequação do manejo para economizar esse bem tão precioso”, diz.
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