“Precisamos falar sobre saúde mental e sobre nossas dores”
No Janeiro Branco, mês da saúde mental, médico psiquiatra comenta a importância do tema e de buscar ajuda
Em 2024, a campanha Janeiro Branco completa 10 anos. A essência da campanha se resume em destacar a importância do cuidado com a saúde mental para uma vida plena e saudável. Médico psiquiatra, pela Unimed Limeira, Paulo José Gracioli destaca nesta entrevista os principais dilemas quando falamos em saúde mental. Também compartilha dicas valiosas.
Para o médico, é necessário buscar ajuda e falar sobre saúde mental. “Precisamos falar sobre saúde mental, falar sobre nossas dores para amenizar e procurar ajuda para sobreviver.
Dialogar é preciso para amenizar a dor da alma e da mente. Quem cuida da mente, cuida da vida, por isso, procure ajuda e não tenha vergonha de pedir. Você não está sozinho. Você não pode mudar o passado, mas pode criar um futuro melhor”.
Qual objetivo do Janeiro Branco, em que temos um mês para falar de saúde mental?
A campanha visa alertar para os cuidados com a saúde mental e emocional da população, a partir da prevenção das doenças decorrentes do estresse, como ansiedade, depressão e pânico.
As doenças mentais podem ser causadas por uma série de fatores como a genética, estresse, abuso de substâncias e traumas. Também existem os transtornos do humor e o transtorno bipolar.
Quais as principais dicas para cuidado com a saúde mental?
As expectativas que fazemos sobre o futuro, são provocadoras de ansiedade. Fazer previsões sobre situações trágicas são provocadoras de intensa ansiedade. Precisamos aprender a pesar no hoje e ver esperança nos pensamentos sobre o futuro.
Aprender a se frustrar, visto que as frustrações são provocadoras de ansiedade e estresse. O mundo não é feito do modo como gostaríamos e aceitar as diferenças em todos os sentidos, será saudável.
Ter bons hábitos alimentares e dormir bem. Ter horários para se deitar, e manter pelo menos sete horas de sono direto com ambiente escuro e pouco ruído.
Quais são as doenças ou transtornos que mais afetam a saúde mental?
Muitas doenças psiquiátricas tem a ansiedade presente ou desencadeante dos transtornos. Temos ansiedade generalizada, transtorno de pânico, alcoolismo e uso de drogas ilícitas. Atualmente tem a síndrome de burnout, que é uma doença relacionada ao trabalho estressante. É o desconforto de ir ao trabalho, mesmo sabendo que gosta da profissão, mas a ansiedade não permite que a pessoa consiga ficar no local do trabalho.
Qual a importância da atividade física quando o assunto é saúde mental?
Fazer atividades que dão prazer e satisfação como prática de esporte e hobbies. A pratica de esportes provoca aumento das endorfinas, drogas do prazer que o cérebro produz. Ter bons hábitos alimentares e dormir bem.
Quais os sinais de que a saúde mental não vai bem?
Quando começa a sentir ansiedade: desconforto físico falta de ar, dor no peito, taquicardia, formigamento nos braços e no rosto, tremores, insônia. Também quando fica irritado com o trabalho, relacionamentos familiares ou no trabalho.
A baixa tolerância às frustrações, quando alguém próximo fala que estamos irritados por qualquer motivo. Muitas vezes, os sintomas aparecem no corpo: dor de cabeça, gastrite, diarreia, ganho ou perda de peso.
Além do psiquiatra, o psicólogo deve ser buscado? Em que momentos?
Cabe ao psiquiatra a prescrição dos medicamentos para ajudar no controle da ansiedade, mas não adianta só o medicamento. É preciso ter curiosidade para saber os motivos que detonaram a ansiedade.
A ansiedade é um sintoma, mas nem sempre sabemos os motivos causadores. As psicoterapias feitas por psicólogos ou psiquiatras é que podem ajudar o sofredor de ansiedade a encontrar um modo novo de enfrentar os obstáculos que aparecem no dia a dia.
Caso não encontre os fatores provocadores da ansiedade, fica mais difícil resolver os sintomas da ansiedade. E o uso dos medicamentos serão necessários por um tempo indeterminado.
As pessoas estão mais preocupadas em cuidar da saúde mental?
As informações feitas nos programas da televisão ou na imprensa escrita, facebook, google, são as fontes esclarecedoras dos sintomas. O acesso às informações é mais facilmente praticada por todos. Por isso que atualmente as pessoas procuram mais precocemente ajuda dos profissionais.
O receio de ir a um psiquiatra ainda existe. Tem pessoas que não aceitam que a ansiedade tem tratamento.
Ainda temos muitas pessoas que não aceitam ir no psiquiatra por medo de falar sobre sua vida intima, onde geralmente estão as causas do sofrimento.
Algo que não foi perguntado e que considera importante destacar sobre o tema?
Precisamos falar sobre saúde mental, falar sobre nossas dores para amenizar e procurar ajuda para sobreviver.
Dialogar é preciso para amenizar a dor da alma e da mente. Quem cuida da mente, cuida da vida, por isso, procure ajuda e não tenha vergonha de pedir. Você não está sozinho. Você não pode mudar o passado, mas pode criar um futuro melhor.
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