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Limeirense é uma das mais jovens cientistas a publicar artigo

Mariana Bueno de Paula Tamani pode se tornar a mais jovem cientista brasileira a publicar um artigo em uma revista científica de renome nacional. Com apenas 9 anos, a aluna do Colégio Jandyra de Limeira é uma preciosidade, e não só pelo fato de se tornar uma pesquisadora tão jovem, mas por também querer incentivar outras crianças a praticarem ciência nas escolas.

Em entrevista para a Gazeta e acompanhada pela mamãe Raquel, a pequena Mariana relatou o interesse por pesquisas e pelo mundo da ciência. O artigo recém-publicado na revista Ciência Hoje das Crianças intitulado “Uma conversa além do cofrinho” esmiúça o estudo das moedas, também conhecido como numismática. Através da densidade e com a ajuda de um microscópio eletrônico de varredura, foi possível verificar a autenticidade de uma moeda.     

A revista feita pelo Instituto Ciência Hoje tem como objetivo de despertar a curiosidade de meninos e meninas e mostrar que a ciência pode ser divertida e que está presente na vida de todos, independentemente da idade. Mariana contou com a ajuda do professor e pesquisador Yuri Alexandre Meyer e do especialista Hilton Aparecido Magri Lucio, da Sociedade Brasileira de Numismática.

O interesse por pesquisas surgiu muito antes da publicação do artigo. Aos 7 anos, durante uma palestra do professor Yuri que é doutorando na Faculdade de Tecnologia da Unicamp - Limeira e professor no Colégio Jandyra, a curiosidade pelo processo de uma pesquisa científica chamou sua atenção. Ele conta que é uma raridade. “Nunca tinha vivenciado uma aluna tão nova. Já tive alunos interessados em ciências e com perguntas pontuais, mas não pelo desenvolvimento pleno de uma pesquisa”, relata.

A pesquisa com duração de dois meses foi desenvolvida pela pequena com ajuda de seu microscópio, presente de Natal dos pais. “Minha casa se tornou um laboratório. Ela sempre gostou de brincar com meus equipamentos de pesquisa, trocava os brinquedos por eles”, conta Raquel. A família que também atua na área científica incentiva o interesse de Mariana. “Mas isso partiu dela. Tenho muito orgulho”, afirma.

Para Mariana, o processo foi mais interessante que a publicação em si. “Fiquei muito emocionada quando saiu o artigo, mas gostei mais de pesquisar sobre a falsificação das moedas. Elas são importantes, pois contribuem para a história de um país. Através da densidade e de outros testes, foi possível identificar quais moedas são verdadeiras e quais eram falsificadas. Alguns colecionadores usam o teste do barulho para identificar, pois as moedas de prata emitem um som mais característico. Também descobrimos que algumas moedas falsas usam uma camada bem fina de prata para confundir os especialistas. Por isso é tão importante os testes em microscópio de varredura e para isso eu contei com a ajuda do ‘Tio Yuri’ que conseguiu utilizar o equipamento específico no laboratório da Unicamp”, contou.

O tema surgiu em uma aula interdisciplinar ministrada pelo professor. O estudo da numismática partiu do ponto de vista histórico e econômico. “Pegamos moedas do Brasil Colônia e nasceu o interesse por identifica-las. A Mariana teve que aprender sobre densidade e a análise microscópica. Passava algumas tarefas semanais ou quinzenais para direcionar o caminho da metodologia científica e é isso o grande diferencial. Ela aprendeu sobretudo, que independente da temática, com a metodologia científica, ela pode aplicar e publicar outras pesquisas”, afirma. 

Embaixadora da Ciência e futura propagadora     

Além de professor do Jandyra e coordenador do Departamento de Ciências da Natureza, Meyer destaca que o “Embaixadoras da Ciência” conta agora com a integrante mais nova do projeto: Mariana. O grupo desenvolve este trabalho no sentido de criar consciência da importância do surgimento de novas pesquisadoras e já foi destaque no concurso Concausa 2021, uma iniciativa da UNICEF, CEPAL e América Solidária.

Ser uma cientista vai além das pesquisas publicadas e isso é um grande destaque na Mariana. Ela mesmo relatou que quer incentivar outras crianças, o que para Yuri, é o verdadeiro significado de uma cientista. “Ela não está fechada somente em um único artigo que saiu, mas já está pensando em quais as outras possibilidades de pesquisas. Esse é o papel de uma verdadeira pesquisadora. É estimular outras pessoas, fazer uma ponte entre as pesquisas científicas e ela quer aplicar isso dentro das escolas públicas”, conta.

A pequena não quis levar seus méritos. Ao publicar o artigo, Mariana contou seu grande feito apenas para as melhores amigas. “O que eu quero de verdade é poder levar esse conhecimento para outros alunos. Para crianças que não tenham a mesma condição que eu tenho, mas que podem se tornar grandes pesquisadores. Muitas pessoas têm capacidade, querem ser cientistas, mas não conseguem por que nunca viveram essa experiência. Meu conselho é que se elas realmente quiserem, elas podem e se eu puder, quero ajudá-las”, disse.

 

 

 

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