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Abril Azul: Limeira tem 350 pessoas diagnosticadas com autismo por ano

Nos últimos anos, grandes progressos foram feitos no aumento da conscientização e aceitação do autismo, não apenas graças ao trabalho de profissionais, mas de pessoas e familiares que atuam incansavelmente para divulgar e trazer sua experiência vivida para a sociedade. Neste 2 de abril, Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, a educação inclusiva é um dos temas que a Organização Geral das Nações Unidas (ONU) tem usado para defender a necessidade de mais programas educativos e conectados com a sociedade para oferecer às pessoas com autismo melhor possibilidade de escolha para seus futuros.

“Estamos nos afastando da narrativa de curar ou converter pessoas autistas e, em vez disso, focar em aceitar, apoiar e incluir pessoas autistas e defender seus direitos. Esta é uma grande transformação para essas pessoas, seus aliados, a comunidade mais ampla da neurodiversidade e o mundo em geral. Ele permite que as pessoas autistas reivindiquem sua dignidade e auto-estima e se integrem plenamente como membros valiosos de suas famílias e sociedades.

Em Limeira, o Grupo Inclusão Já vem trabalhando em conscientizar as pessoas a respeito do autismo. “É uma mensagem da comunidade ligada ao autismo para toda a sociedade (de dentro para fora). Portanto, vamos mostrar que somente a informação de qualidade pode combater o preconceito e o capacitismo na nossa sociedade”, disse José Milton Rodrigues de Melo.

Ele relatou que são diagnosticados na cidade por mês cerca de 29 pessoas com autismo, alcançando o número de 350 pessoas diagnosticadas por ano só na rede pública. José Milton destaca que é necessário que o atendimento prestado pela Prefeitura aumente na mesma proporção que o número de diagnósticos, pois, segundo ele, se o autista não tem o atendimento necessário na primeira infância, a autonomia dele é comprometida para o resto da vida. “O que os autistas perderam por conta da falta de tratamento não poderão recuperar, pois o melhor período de suas vidas em que poderia ser realizada a estimulação para que ganhassem autonomia, esse tempo foi desperdiçado. Cada oportunidade deixada para trás é uma parte do futuro deles que deixa de existir”, declarou.

Em audiência realizada no dia 22 de março na Câmara de Limeira, pela Comissão de Saúde, Lazer, Esporte e Turismo o tema foi amplamente discutido, com ênfase na dificuldade do atendimento na rede pública de saúde e de educação. O secretário de Educação André Luiz de Francesco falou que as leis avançaram na garantia dos direitos da pessoa com TEA, mas o custeio dos atendimentos acaba recaindo quase que na totalidade sobre o Executivo do Município.

De 2017 para 2018 havia na rede cerca de 50 crianças com autismo laudados, e hoje são mais de 400 alunos, com tendência de aumentar cada vez mais, por isso André ressaltou a necessidade de estender a discussão para os governos Estadual e Federal também, pois o município não consegue arcar sozinho com o desafio do atendimento que os alunos muitas vezes precisam. Ele também pontuou que a inclusão deve visar o futuro da criança. “A inclusão não é só a perspectiva de permanência da criança na escola, mas também como ela é trabalhada para o futuro, pois um dia ela vai sair da escola e não necessariamente terá o mesmo suporte que tem dentro da rede educacional”, citou.

AMPLIAÇÃO DO CEMA

O Centro de Especialização Municipal do Autista é um programa ligado a Assessoria Departamental de Saúde Mental vinculada à Secretaria Municipal de Limeira, onde presta serviços públicos, atendendo tantas pessoas quanto possíveis com autismo e também gerando conhecimentos sobre esta patologia. Atualmente o CEMA presta atendimento a autista de ambos os sexos, na faixa etária de 3 a 30 anos, assistidos diariamente e semanalmente, com profissionais especializados nesta área.

Segundo a Secretaria de Saúde de Limeira, o Centro está em fase de ampliação, com a transferência do atendimento para a região central de Limeira prevista para o primeiro semestre de 2024 em novo prédio, e que esta ampliação permitirá aumentar o número de atendimentos. O CEMA iniciou os atendimentos em 2019 com 40 pacientes e hoje atende cerca 219.

Atualmente, 30 pessoas estão em fase de avaliação para diagnóstico. O Centro abriga uma equipe multidisciplinar, com terapeuta ocupacional, psicólogo, educador pedagógico, fonoaudióloga e fisioterapeuta, além de um psiquiatra infantil. O acesso ao serviço, para a avaliação inicial, ocorre por meio de encaminhamento médico, emitido pelas Unidades Básicas de Saúde. 

 

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