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68% dos professores apontam nível médio ou alto de violência

 

 

Em Limeira, vice-diretora informou ameaça ontem; pesquisa avaliou sobre a rede estadual de ensino

 

 

Entre os professores da rede Estadual de Ensino, 68% concordam que há um nível médio ou alto de violência nas escolas. Entre os estudantes, a percepção atinge 69% e entre familiares é de 75%. Isso leva à sensação de insegurança dentro de estabelecimentos públicos que deveriam ser locais de diálogo e aprendizado.

13% desses professores ouvidos relataram ter sofrido violência verbal ou física no último ano. Entre os alunos, esse índice chega a 36%.

Os dados são de pesquisa do Instituto Locomotiva, que ouviu 1.250 estudantes maiores de 14 anos e 1.100 docentes, entre 30 de janeiro e 23 de fevereiro. A pesquisa foi encomendada pela Apeoesp, sindicato dos docentes da rede estadual.

Os números foram divulgados em um momento de extrema preocupação na rede quando um aluno vitimou uma professora e deixou feridos Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sonia, São Paulo.

Em Limeira, uma vice-diretora tornou público ter se sentido ameaçada por um estudante da rede. Conforme a Gazeta mostrou em seu site, a Polícia Militar foi acionada até a escola estadual José Ferraz Sampaio Penteado, no Jardim Novo Horizonte, na manhã de quarta-feira, depois de a diretora, de 55 anos, se sentir ameaçada pelo que disse um aluno do 9º ano do ensino médio da unidade.

Ela alegou que foi chamada à sala do aluno para tentar mediar um caso de indisciplina que ocorrera na sala. Durante a intervenção da profissional, ela comentou sobre o episódio ocorrido em uma escola da capital, na segunda-feira e teria ouvido do rapaz que “isso que eu gostaria de fazer com você”. O menino se referia a atacá-la com uma faca.

O pai do garoto foi chamado à escola e alegou que teria chamado à unidade e garantiu que o filho seria vítima de bullying. O caso foi registrado pelos policiais militares. A escola, segundo os militares, já faz um trabalho de acompanhamento psicológico com o aluno que ameaçou a diretora. 

No último dia 21 de março, a Gazeta mostrou ainda que uma mensagem deixada no banheiro da Escola Estadual Leovegildo Chagas Santos preocupou alunos e pais.  No banheiro da unidade, foi encontrada a mensagem: “Aqui vai ter um massacre dia 20”. Funcionários chegaram a orientar os pais para não levarem os filhos à escola naquele dia. Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo repudiou toda e qualquer forma de incitação à violência dentro ou fora das escolas.

 A PESQUISA

Para Renato Meirelles, presidente do Locomotiva, realizadora da pesquisa, o resultado surpreende pelo tamanho da amostra e o que esses índices representam. Mais de 4 milhões de alunos estão matriculados no ensino fundamental ou médio na rede estadual. "Isso mostra que a violência está generalizada", afirma.

Quando se consideram todos os casos de violência analisados pela pesquisa, além da física ou verbal, os índices crescem entre alunos e professores e chegam a 48% e 19%, respectivamente. No escopo do estudo, isso significa dizer que no último ano quase a metade dos estudantes sofreu alguma situação de agressão física ou verbal ou casos de bullying, discriminação, furto, assédio moral, assédio sexual ou assalto.

"O não debate da cultura de paz afeta negativamente. É cada vez mais necessário que se explique o que aconteceu (o ataque na Vila Sônia). Fingir que a violência não existe não vai levar à mudança dessa realidade", diz o presidente.

"Questões de saúde mental, como esgotamento, ansiedade e outros problemas mentais se tornaram mais relatados por alunos e professores (após a crise da covd-19)", diz Meirelles.

APEOESP LIMEIRA

Joselei de Souza, diretor Estadual da Apeosp em Limeira, ressalta que a cada dois anos a entidade busca solicitar essa pesquisa com objetivo de compartilhar com a sociedade como está a situação das escolas.

“Os dados só vem reforçar aquilo que a gente vive diariamente e que a sociedade enxerga. Infelizmente, o lançamento coincide com a tragédia que ocorreu naquela escola, mas a Apeoesp vem alertando sobre isso há muito tempo”, cita.

De acordo com ele, Limeira não é diferente do restante do Estado. “Os professores denunciam constantemente e infelizmente é uma sensação geral. O que queremos com a pesquisa é que os governantes invistam em políticas públicas contra essa violência. Precisamos de professores mediadores, psicólogos, estrutura para trabalhar nas escolas. Olhem para os profissionais, nossas crianças e jovens”, finaliza Joselei.

 

 

Estado diz que irá ampliar prevenção
à violência e acolhimento psicológico

 

 

O Governo de São Paulo informou que lançou uma série de medidas para ampliar o acolhimento psicológico e ações de prevenção à violência no ambiente escolar. O anúncio foi feito pelos secretários de Educação, Renato Feder, e de Segurança Pública, Guilherme Derrite, em coletiva à imprensa sobre o caso de ataque a faca na zona oeste da capital.
A primeira iniciativa é o investimento no programa Conviva (Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar), que existe desde 2019, e será intensificado de forma que 5 mil profissionais fiquem dedicados à aplicação das políticas de prevenção à violência nas unidades. Os novos educadores do programa receberão treinamento para identificar vulnerabilidades de cada unidade, além de colocar em prática ações proativas de segurança.
Atualmente, profissionais de 500 escolas estaduais estão capacitados para implementar as propostas de acolhimento e convívio do Conviva SP. “Vamos ampliar de 500 para 5 mil profissionais do Conviva, para que toda escola tenha um profissional dedicado ao programa”, afirmou o secretário Renato Feder.
A plataforma do Conviva – Placon – utilizadas para o registro de ocorrências nas escolas estaduais será atualizada, de forma que os casos graves sejam facilmente identificados e a equipe central do Conviva possa intervir pontualmente.
Além disso, a Secretaria de Educação também vai retomar o programa Psicólogos na Educação, que oferece suporte psicológico para orientar as equipes escolares e estudantes. De acordo com Feder, está prevista a contratação de 150 mil horas de atendimento presencial nas escolas. O processo está em cotação de preços e a licitação deve ocorrer nas próximas semanas. Também será prestado apoio psicológico aos professores, funcionários e alunos.
O secretário Guilherme Derrite (Segurança) informou que os comandantes de área de todo o Estado de São Paulo iriam se reunir com diretores escolares para discutir e ampliar estratégias e programas de combate a agressores ativos.

 

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