Varíola dos macacos: entenda como ocorre a transmissão e os sintomas da doença
Os órgãos sanitários brasileiros vêm registrando um aumento de casos de varíola dos macacos (monkeypox). E não só no Brasil. O aumento dos casos ocorre no mundo todo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou mais de 7 mil registros em 60 países desde o início do surto. A Europa é o epicentro, com cerca de 80% das notificações. Até agora, foi registrada apenas uma morte provocada pela doença. Em São Paulo, os casos também vêm se multiplicando e na região, Santa Bárbara d’Oeste confirmou um caso da doença, Americana registrou um caso suspeito, em Indaiatuba são dois casos confirmados e em Campinas nesta semana, a Secretaria de Saúde registrou o terceiro caso, sendo o primeiro autóctone, ou seja, contraído na cidade.
Uma das principais preocupações entre todos os profissionais da saúde é a falta de informações sobre a doença e o período prolongado em que ela continua transmissível. A subnotificação também preocupa, considerando que o processo de coleta, envio e análise das amostras é lento. Apesar do nome, a doença viral não tem origem nos macacos, apenas foi identificada pela primeira vez nesses animais. A varíola dos macacos não se espalha facilmente entre as pessoas.
Identificada pela primeira vez em macacos, a doença ocorre principalmente na África Ocidental e Central. Raramente se espalhou para outros lugares, então essa nova onda fora do continente causa preocupação. O primeiro caso europeu foi confirmado em 7 de maio em um indivíduo que retornou à Inglaterra da Nigéria, onde a varíola dos macacos é endêmica. O período de incubação da varíola dos macacos é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O padrão de infecção também foi reconhecido nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, onde as campanhas de vacinação contra a varíola dos macacos foram direcionadas especificamente para homens gays e bissexuais. No Reino Unido, 96% dos casos confirmados até agora, eram em homens que se relacionam com homens, segundo a Agência de Segurança em Saúde. Em entrevista para a Gazeta, a Médica Infectologista da Unimed Limeira sanou as principais dúvidas da doença e alerta sobre os riscos de transmissão.
Confira a entrevista na íntegra:
Como a varíola dos macacos é transmitida?
A transmissão ocorre por contato direto com as lesões de pele em qualquer fase (desde o início do quadro até mesmo com as lesões em crostas). E também com gotículas de secreção respiratória.
A doença é um vírus de qual tipo?
O vírus é da mesma família do vírus da varíola humana. Desta mesma família, existem ainda os vírus de doenças de gado e de aves (cowpox e chickenpox).
Quais são os principais sintomas?
Febre, dor nas costas, dor de cabeça, lesões de pele (inicialmente com manchas avermelhadas que rapidamente progridem com vesículas e depois crostas).
Qualquer pessoa pode se infectar pelo vírus? Já existe um grupo de risco?
Qualquer pessoa pode se infectar caso entre em contato com alguém doente. Mas, neste surto, tem sido observado um aumento do número de casos em homens que fazem sexo com homens, por causa do contato íntimo e de múltiplos parceiros.
Quais os tratamentos para a varíola dos macacos?
Existem algumas drogas em estudo, outras utilizadas para tratamento de outras doenças virais, mas ainda nada disponível em larga escala para tratamento.
Como se prevenir da doença?
Evitar contato com suspeitos ou confirmados pela doença, e particularmente sexo com múltiplos parceiros.
Quais são as recomendações para o paciente que está com varíola?
A varíola humana foi extinta. Monkeypox é uma doença diferente da varíola, apesar dos vírus serem da mesma família. A Monkeypox é doença de macacos, que se espalha entre os humanos pelo contato. Portanto, os cuidados devem ser com isolamento no domicílio até que todas as lesões estejam completamente resolvidas e cicatrizadas. E cuidados como hidratação e controle da dor e febre. O maior risco de doença grave é nas gestantes e imunodeprimidos.
Há riscos de que a varíola dos macacos se torne uma pandemia, como a Covid-19?
Os estudiosos têm apontado que a doença está se alastrando, mas com uma velocidade infinitamente menor que a da Covid-19, e não parece, até o momento, que haja possibilidade de uma pandemia.
O que precisa ser feito agora para monitorar a transmissão da doença?
Diagnosticar e isolar precocemente os doentes/sintomáticos. E está sendo avaliada a possibilidade de vacinação de indivíduos de risco.
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