Eletrônicos ganham força no inverno, mas brincar ajuda o desenvolvimento infantil
O ato de brincar é essencial para o bom desenvolvimento infantil. Especialistas apontam que a brincadeira é um processo pedagógico socioemocional, que permite a exploração do universo cognitivo, afetivo e a aprendizagem da interação social humana. No inverno, porém, os jogos eletrônicos ganham maior espaço. A atratividade comumente trazida por esse tipo de jogo se une aos dias frios, em que a disposição para atividades lúdicas ou físicas é menor. Por isso, os pais devem estar atentos.
Segundo o pediatra do Sistema Hapvida, Claudio Cunha, o desenvolvimento das crianças ocorre em um ambiente rico em estímulos motores e sensoriais. Atividades lúdicas e a vivência em espaços abertos naturais trazem autonomia e autoconfiança. Promovem a sensorialidade com estímulos de cheiros, texturas e terra, propiciando maior conexão com o ambiente despertando o interesse pela exploração. Cunha cita atividades como ouvir música, cantar, dançar, trabalhar expressão corporal, desenho, pintura, recorte, colagem, escultura, massinha, brincadeiras de representação de filmes, teatro, contação de histórias e jogos de imaginação.
Brincar ajuda nas habilidades comportamentais
"São brincadeiras que podem ajudar no desenvolvimento de habilidades comportamentais voltadas à socialização, as vivências emocionais, a desinibição e a interação dentro de contextos naturais e sociais humanos. Além disso, elas trabalham habilidades relacionadas à comunicação, fluência verbal, dicção, ritmos e a expressão dos nossos sentimentos e desejos", declara.
Brincando, a criança desenvolve habilidades motoras como organização do corpo, equilíbrio, flexibilidade, lateralidade, consciência de espaço e de tempo. Os pequenos aprendem ainda a utilizar a coordenação motora ampla, fina e a solucionar problemas. "Por isso, é importante limitar o tempo em frente às telas e investir em atividades que mexam o corpo", recomenda.
Segundo o médico, jogos eletrônicos em excesso geram a perda de tempo, fundamental para o desenvolvimento, e de oportunidades de aprendizagem. "Com os eletrônicos, muitas vezes a criança deixa de utilizar a imaginação, a cognição e de exercitar a aprendizagem social e o controle das emoções", diz.
Estudos demonstram que a utilização excessiva de eletrônicos está associada a mudanças bruscas de humor, maior agressividade, dificuldade de sono, dificuldade de brincar sozinho, problemas de alimentação e obesidade. Ainda há registros de atrasos no desenvolvimento geral e até alterações hormonais na produção excessiva de cortisol.
Interatividade com os pais
Organização do tempo e interatividade com os pais estão na lista de prioridades. "É preciso combinar períodos e organizar as rotinas com horários estabelecidos. Temos que oferecer alternativas às telas e brincar com os nossos filhos, ajudando-os e incentivando-os a fazer atividades ao ar livre, com brincadeiras lúdicas, de imaginação, atividades físicas e jogos", explica o médico.
O ideal é que até os 2 anos de idade as crianças não sejam expostas aos eletrônicos, segundo o Dr. Cláudio. Após essa idade até os 5 anos, o tempo de utilização não deve ultrapassar uma hora por dia; dos 6 aos 10 anos deve ser de no máximo duas horas, e a partir dos 11 até os 18 anos de até 3 horas.
A adoção das práticas requer um esforço dos pais. "É uma tarefa muito difícil conviver em harmonia com esse tipo de estímulo, mas é fundamental entendermos que não pode ser livre demanda. Temos que exercer a autoridade e o controle para o melhor desenvolvimento e benefício dos nossos filhos", afirma o médico.
Claudio Cunha
Pediatra do Sistema Hapvida
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