Mulheres na Ciência: limeirenses que conquistaram seu espaço
Promover oportunidades, incentivar o acesso ao conhecimento e fortalecer o compromisso de igualdade entre gêneros são alguns dos motivos que levaram a Assembleia Geral das Nações Unidas, um dos principais órgãos da Organização das Nações Unidas (ONU), a declarar o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado no dia 11 de fevereiro. Nesta semana, para celebrar a data, o Centro Paula Souza (CPS) compartilhou as histórias de uma aluna e professora de Limeira que fazem parte da comunidade acadêmica.
A FORÇA FEMININA NA EDUCAÇÃO
A ligação da professora da Escola de Técnica Estadual (Etec) Trajano Camargo, de Limeira, Gislaine Aparecida Barana Delbianco começou muito antes de ela compartilhar seus conhecimentos com os alunos em sala de aula. Foi nesta unidade, como aluna do curso técnico de Nutrição, que ela teve suas primeiras experiências com a área científica.
Gislaine conta que desde o início do curso já sabia que não queria trabalhar na área administrativa, destino comum para as mulheres na época, mas, sim, na produção. “Passei em um estágio em uma grande fábrica e no dia em que entrei no laboratório descobri que aquele seria o meu trabalho por toda a vida: a química. Assim que me formei no técnico, ingressei na faculdade para fazer o curso de Química e segui estudando e trabalhando na fábrica.”
Em 1985, ao trabalhar na produção, ela foi na contramão das demais meninas que eram contratadas pela empresa. “Eu só sai daquela função porque me casei, e, naquela época, mulheres casadas não eram permitidas naquele setor da fábrica. Quando me casei, ganhei de presente a demissão”, brinca.
Mas a ciência era uma paixão. Ela entendeu que poderia exercer a atividade de outra forma e ainda se tornar um exemplo nas salas de aula para outras meninas. Foi quando recebeu o convite da Etec Trajano Camargo e contribuiu na implantação do técnico em Química na escola, onde ainda desempenha um importante papel: “Descobri que como professora seria possível mudar muita coisa no mundo da ciência e mostrar a força da mulher nesse meio”.
FONTE DE INSPIRAÇÃO PARA JOVENS
Vitória Ventura sempre teve curiosidade para frequentar laboratórios, realizar experimentos e conduzir suas próprias pesquisas. Depois de se formar no curso técnico de Química integrado ao Ensino Médio na Etec de Limeira, agora estuda Geologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
A estudante sabia que um curso técnico lhe daria conhecimento e oportunidades e se surpreendeu positivamente. “Percebi que a ciência poderia ser muito mais ampla do que entendia. Na Etec existe uma cultura forte de projetos, feiras científicas e pesquisas. No primeiro ano, fizemos um trabalho de grupo sobre astronomia, homenageando Galileu Galilei”, disse. O projeto acabou apresentado em escolas do Ensino Fundamental. “Foi quando plantei uma semente para espalhar ciência por aí”, conta Vitória.
Para compartilhar os conhecimentos conquistados e incentivar mais pessoas, ela também mantém um projeto de divulgação e incentivo na área científica: o perfil de Instagram Yo Cientificx, que leva ciência a crianças e jovens. “Talvez eu possa ser a inspiração para mais gente, assim como fui criando minhas referências”, diz Vitória, que já elabora um projeto de história em quadrinhos infantil, para um programa de voluntariado. “Levar leituras de assuntos científicos para crianças na escola pode despertar a curiosidade sobre o tema”, acredita.
“As meninas não precisam ter cara de cientista, não existe um perfil, não existe um padrão. A ciência de mais impacto é gerada quando os grupos são mais diversos. É preciso atingir igualdade para que todos possam coexistir no espaço da ciência”, finaliza.
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