Restrições contra a Covid-19 em eventos chegam ao fim e retomada anima o setor em Limeira
Criado em 26 de fevereiro de 2020, o Centro de Contingência do Estado monitora e coordena ações contra a propagação do novo coronavírus nas cidades paulistas intitulada “Plano-SP”. Divididas em fases, as estratégias foram impostas aos municípios para garantir a economia do estado durante a pandemia e conter o número de internações em leitos de UTI. Nesta segunda-feira (1º), chegou ao fim todas as restrições que limitavam a capacidade de público nos eventos esportivos, culturais e de lazer.
Em julho deste ano, as medidas começaram a ser moderadas e desde outubro, espetáculos, atividades de entretenimento e demais modalidades esportivas foram ampliando gradativamente o número de espectadores e participantes, respeitando normas sanitárias e limites de ocupação dos espaços indicados pelo Comitê Científico. Agora, os shows com público em pé, as pistas de danças e demais eventos podem contar com 100% do público, assim como os estádios de futebol.
O Comitê Científico levou em conta critérios fundamentais para a retomada de grandes eventos com controle de público. O primeiro, a vacinação que vem avançando em todo o estado. Alguns estabelecimentos também podem pedir a carteirinha de vacinação com critério de entrada permitida com pelo menos uma dose da vacina tomada. A segunda condição é que o uso de máscara continue sendo obrigatório nessas situações.
Em Limeira, a Prefeitura publicou o decreto replicando o conteúdo do documento estadual relativo a mesma questão. O documento reforça ainda que os estabelecimentos devem respeitar seus respectivos alvarás de funcionamento, quanto ao horário especial e o uso de máscara. “Seguem vigorando, porém, a exigência de uso de máscara e o cumprimento de outras normas sanitárias, como a utilização de álcool em gel”, informa.
Retomada anima setor de eventos em Limeira
A pandemia exerceu um impacto gigantesco na indústria de entretenimento no último ano com a quarentena. A Associação Brasileira de Eventos divulgou em levantamento, uma queda de 98% em todo o setor de eventos. Com a retomada das atividades culturais, os organizadores preveem um crescimento expressivo para os próximos meses.
Silmar Fadel trabalha no setor de eventos na região de Limeira. O organizador explica que mesmo com a ajuda financeira do governo, por meio do Auxílio Emergencial, não conseguiu se manter nos últimos meses. “Tive que vender quatro carros, entre foodtrucks e motos e felizmente tinha uma pequena reserva, mas faltou apoio dos governantes durante a pandemia. Com auxílio de R$600 e depois diminuindo pra R$200 mal conseguimos sobreviver”, disse.
Ele explica que com a quarentena imposta no ano passado, teve prejuízos com eventos já marcados. “Tive que arcar com as despesas de materiais de mídias já impressas e divulgadas. Entendemos que foi uma decisão de segurança para a saúde pública, mas nosso setor foi afetado 100% durante toda essa crise”, afirmou.
A expectativa do setor é retomar os lucros aos poucos. “É mais fácil trabalhar em eventos ao ar livre, pois mesmo com a liberação, as pessoas ainda estão receosas do contágio em locais fechados, como salões de festas e casas de shows. Precisamos voltar com tudo, seguindo os protocolos, se não a conta no final do mês não fecha”, destacou.
No Gran São João, tradicional clube de Limeira, a diretoria destacou que durante a pandemia teve uma queda de 70% em seus associados. "Conseguimos retornar nossos associados aos poucos, mas foi um período econômico difícil para manter a folha salarial dos funcionários”, disse o presidente José Roberto de Souza Melo. A renda dos eventos sociais praticamente zerou e só foi retomada nos últimos eventos. “Com a flexibilização, organizamos eventos mantendo a capacidade, com shows para público sentado e uso obrigatório de máscara. Isso contribuiu para manter as contas do clube”, afirma.
O próximo grande evento do público será no dia 19 de novembro com show do Mato Grosso e Mathias. “Ainda estamos definindo como serão os cuidados e os protocolos em grandes shows. Seguiremos o decreto da Prefeitura e o uso indispensável de máscara que será mantido. O que estamos analisando será a obrigatoriedade da carteirinha de vacinação”, destaca.
O presidente da Abrafesta, Ricardo Dias, destacou o fechamento de mais da metade das empresas destinadas ao ramo. “Fizemos um levantamento que mostrou uma queda de 98% em todo o setor de eventos, no entanto com o avanço da vacinação e a retomada das atividades em todo o país, tem apresentado um crescimento expressivo nos últimos meses”, disse.
Ele ainda enfatizou que grande parte dos profissionais tiveram que migrar das operações para conseguirem arrecadar receita. “Esse é um momento importante para todos nós, esperamos por longos meses até chegarmos aqui. Para nós, e falo em nome da Abrafesta neste momento, recebermos essa alta demanda é também uma grande alegria, vamos seguir com responsabilidade e os cuidados necessários para que possamos continuar fortalecendo o nosso setor de eventos corporativos e sociais”, finaliza.
Foto: Filipe Pacheco
Bar da Montanha não vai reabrir, disse proprietário
Em alguns casos, os prejuízos foram irreversíveis. Com mais de 21 anos de história, o Bar da Montanha que encerrou suas atividades no ano passado não irá reabrir. O proprietário Evandro Negrucci destacou que sem apoio não conseguiu manter a estrutura do local que é um dos mais conceituados da região.
“Não conseguimos sustentar 1 ano e 8 meses sem ajuda. Nenhum bar e nenhuma atividade comercial do nosso setor teve algum tipo de ajuda ou um acolhimento tanto na parte financeira, quanto na isenção de impostos. Tivemos que batalhar sozinhos e com as despesas crescendo e sem poder abrir, mesmo também sendo bar e restaurante, nossa casa fechou de vez”, disse.
Vando, como é conhecido, também enfatizou que mesmo com a reabertura total dos estabelecimentos a legislação municipal poderá dificultar os proprietários de bares e casas de eventos. Ele destacou que o projeto de lei que altera dispositivos da Fecha-Bar, que dispõe sobre o horário de funcionamento de bares, similares e outros estabelecimentos congêneres, vai se tornar “impossível” trabalhar no segmento.
“A Prefeitura resolveu engrossar e continuar não deixando esse segmento seguir em frente, engrossando as fiscalizações, endurecimento burocrático de normas e leis em alvarás e eu não vejo futuro para o segmento na cidade. A fiscalização está indo em cima dos bares legais, enquanto em chácaras, as festas clandestinas continuam funcionando. Para quem precisa trabalhar, que participa de um movimento legal vai ter muita dificuldade de retomar em Limeira, principalmente por que a exigência do alvará especial para funcionar após às 22h não vai permitir que o segmento tome esse fôlego”, destaca.
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