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Dia Mundial do diabetes: doença mata uma pessoa a cada 5 segundos

 

“Cuidar do diabetes é muito importante para evitar ou diminuir a ocorrência das complicações crônicas da doença que podem levar à morte”, diz médico

Hoje é o Dia Mundial do Diabetes. Segundo projeção da Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), 537 milhões de adultos no mundo todo, entre 20 e 79 anos, têm diabetes crônica, uma patologia que acarreta o acúmulo de açúcar no sangue, elevando os níveis de glicose (hiperglicemia) e gerando sintomas como: muita sede, fraqueza, mudanças de humor, náuseas, vômito e urina em excesso. Segundo os dados da 10ª Edição do Atlas Diabetes 2021, o número de pessoas com diabetes deve aumentar para 643 milhões até 2030 e chegar a 784 milhões até 2045.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os números alarmantes da população acometida por diabetes pioraram com a pandemia, uma vez que as pessoas evitaram ir às consultas médicas e se entregaram mais ao sedentarismo, aumentando a incidência de obesidade.

Em 2021, 6,7 milhões de vidas foram ceifadas em decorrência da doença, ou seja, uma a cada 5 segundos.

Em entrevista ao Fato & Versão o médico endocrinologista da Unimed Limeira, Alcidio Degan, explica sobre o diabetes e os cuidados que devem ser tomados após a descoberta. Ele enfatiza ainda a importância do acompanhamento médico para controle da doença, a fim de evitar complicações que podem levar à morte.

 

O que é a diabetes?

Diabetes é uma doença caracterizada pela dificuldade do organismo de controlar o nível de açúcar no sangue, que é a glicose. Todos temos glicose no sangue.

 

Qual o tipo mais comum da doença? Qual o mais grave?

A grande maioria dos casos está dividida em dois grupos: Diabetes Mellitus Tipo 1 e Diabetes Mellitus Tipo 2. Esses dois perfazem mais de 90% dos tipos de diabetes. Há também diversos tipos de diabetes genéticos que são menos comuns.

Quanto à gravidade, não tem diabetes mais grave, o que importa é o controle glicêmico. Se você tem um controle glicêmico ruim, qualquer tipo que seja, acaba sendo grave.

 

Como é feito o tratamento do diabetes, tanto o tipo1 quanto o tipo 2?

O tratamento do diabetes consiste em vários fatores. O primeiro é melhorar o estilo de vida, com a prática de exercícios físicos e uma alimentação adequada, para que se consiga um peso corporal adequado. Mas se essas ações não forem suficientes, é necessário entrar com medicações. O monitoramento com exames periódicos para controle da doença é essencial.  

No tratamento do diabetes tipo I, usamos sempre a insulina porque o paciente não produz mais esse hormônio ou produz muito pouco.

Já no diabetes II, geralmente iniciamos o tratamento com medicamentos orais, mas também pode haver necessidade da insulina.

 

Qual a causa da diabetes? A ingestão açúcar em excesso contribui para o desenvolvimento da doença?

A causa do diabetes tipo 2 é genética. O paciente pode herdar diversos defeitos genéticos cromossômicos e desenvolver a doença.

Já o tipo 1, que afeta e média 10% dos pacientes, é uma doença autoimune. O organismo produz anticorpos que danificam a célula beta pancreática, aquela que produz insulina.

 

É verdade que o diabético não pode ingerir bebida alcoólica e nem comer açúcar? De jeito algum?

Ingesta excessiva de açúcar pode contribuir para o aumento do peso corporal.  E a obesidade facilita o desenvolvimento da doença. Facilita que ela se manifeste. Uma pessoa obesa tem mais tendência a manifestar o diabetes. A ingestão de açúcar para o diabético não é recomendada, mas pequenas porções em momentos adequados, pode ser pode ser aceitável. A bebida alcóolica também é permitida em quantidade bem pequena.

Quais são os sintomas da doença?

Uma pessoa diabética, ainda no início da doença, quando a glicemia ainda não está muito alterada, pode não ter nenhum sintoma. Por isso é importante, principalmente, após os 40 anos que todas as pessoas façam o teste anual de glicemia. Muitas vezes a doença é silenciosa e assintomática.

Quando a glicemia está mais alterada, os sintomas clássicos são:  muita sede, urinar em exagero, muita vontade de urinar durante a noite, além da perda de peso, sensação de cansaço, visão borrada ou escura.    

As pessoas magras também podem desenvolver diabetes? Qual relação com o peso?

Qualquer pessoa pode ter diabetes, mesmo pessoas magras. O diabetes tipo 2 é mais comum em pessoas obesas. Cerca de 90% dos portadores desse tipo da doença, são obesos. Já o tipo 1, pode afetar também as pessoas magras.

Existe cura para diabetes?

Ainda não existe a cura, somente o controle da doença. Existem pesquisas de celular tronco que pode regenerar as células beta pancreáticas para produzir insulina. São pesquisas promissoras que podem conseguir a cura.

É uma doença hereditária?

O diabetes mellitus é uma doença geralmente genética, não tanto hereditária. Então, se a pessoa herda os genes de seus pais, ela tem mais propensão a desenvolver a doença, mas não que obrigatoriamente a diabetes vá se manifestar.

Como eu saber se sou portador da doença?

Para que eu saiba eu tenho diabetes, eu tenho que fazer um teste de glicemia. Todas as pessoas acima de 40 devem fazer um teste de glicemia anualmente. Já as pessoas abaixo dessa idade que tenham sintomas devem procurar um médico para o diagnóstico correto.

Todos podem ter diabetes? Ou atinge uma faixa etária específica?

O diabetes mellitus tipo 1 pode desenvolver pessoas de qualquer faixa etária, mas é mais comum afetar crianças, adolescentes e adultos jovens. Já o tipo 2, afeta mais pessoas acima de 40 anos e idosos.

Existe diferença em diabetes nas mulheres em relação aos sintomas ou tratamentos? É possível engravidar e amamentar normalmente?

O tratamento é o mesmo para homens e mulheres. Quando uma mulher diabética pretende engravidar, o ideal é que se faça o tratamento para alcançar bom controle glicêmico. Geralmente, a gravidez transcorre normalmente quando se tem acompanhamento médico.

Como saber se o controle do diabetes está sendo feito adequadamente?

Somente com monitorização. Esse procedimento vai variar de paciente para paciente. Mas, geralmente, é feito por meio de meio de medições de glicemia capilar, aquela que mede na ponta de dedo e também de exames periódicos, a cada 3 ou 6 meses, depende de cada caso. Existem também outros exames que são feitos para rastrear complicações da doença como exame de visão, rim e sensibilidade dos pés.

 

Além dessas questões, há informações importantes que não foram abordadas aqui?

É importante ressaltar o porquê de tratar o diabetes. Além dele provocar desconfortos nas pessoas (fraqueza, perda de peso, por exemplo), se não for controlado, pode desencadear complicações crônicas da doença, como a perda da visão, do rim, perda de sensibilidade dos dedos dos pés, provocar úlceras, feridas, amputação dos pés, perder ereção peniana. Pode provocar também a obstrução arterial nos membros inferiores e até mesmo nas artérias do coração. Vale lembrar que as mortalidades que acontecem em diabéticos são por conta das complicações, principalmente as doenças cardíacas, infarto, derrames,  

Em resumo, cuidar do diabetes é muito importante para evitar ou diminuir a ocorrência das complicações crônicas da doença.

 

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