Praça padece em pleno Centro de Limeira
Comerciantes e moradores da Praça Dr. Luciano Esteves sofrem com todo tipo de situações
Quem passa pela praça doutor Luciano Esteves, se assusta com a situação que um dos principais cartões postais e marco zero da cidade passa atualmente. O espaço, que conta com uma fonte, seca há algum tempo, já foi lugar de reunião de famílias, mas hoje conta apenas com a presença de alguns desocupados, olhadores de carro e profissionais do sexo em plena luz do dia. Comerciantes e moradores reclamam da falta de policiamento e dizem não se sentirem seguros de sentar em um dos bancos do espaço, ou até mesmo de trabalhar.
Nesta quinta-feira, a Gazeta esteve no espaço. Às 14h, um grupo de 8 homens fumavam maconha sentados em um dos bancos. Não foi possível identificar se havia a venda do entorpecente no local. A poucos metros deles, inalando a fumaça dos "baseados", estava uma criança de cerca de 5 anos, brincando, próximo à mãe, que se afastou dos desocupados quando percebeu o que eles usavam. Mais para frente, uma comerciante ambulante servia seus lanches para três clientes, que também eram obrigadas a comer sentindo o cheiro da erva. "Isso é direto. Hoje [ontem] tem pouca gente. Já vi de 15 a 20 pessoas, todas fumando maconha, em plena luz do dia", contou a ambulante. Ela relata que, como a tarde fica sozinha com a funcionária no local, vai embora antes de começar a escurecer. "Não fico aqui, tenho medo. Vai lá saber o que eles podem fazer quando estão com a cabeça cheia de drogas. Dia desses, eu cheguei em casa e vi pela câmera que tinha um casal deitado ao lado do meu trailer, de conchinha", reclamou. O marido dela relatou que já chegou a ser agredido por um desconhecido quando negou dar um lanche para ele comer. "Fui agredido com um cabo de vassoura. Acertou meu rosto", contou o homem.
Ainda nesta quinta-feira, uma equipe de uma empresa terceirizada, contratada pela prefeitura, refazia toda ligação dos postes da praça, pois a fiação fora toda furtada. Os marginais arrancaram fios de uma caixa que é tapada com uma placa de concreto, próximo ao memorial às bandeiras. "Ainda bem que eles não vieram furtar essa aqui [caixa]. Se abrissem ela, teriam me deixado sem energia", alegou a ambulante do trailer.
No local, há ainda um monumento do marco zero da cidade e o busto do advogado e promotor de Justiça limeirense, falecido em 1922, que dá nome ao espaço público. A reprodução do rosto dele (ainda) está lá. No entanto, as crianças de uma escola, que visitaram a praça durante a permanência da reportagem no local, não puderam conhecer mais da história de Luciano Esteves, pois as placas explicativas foram furtadas.
SEXO
Ainda durante o dia, é possível ver mulheres que usam a praça como ponto de programa. Algumas delas, que ficam sentadas perto do busto do advogado, seriam três irmãs que se revezam em atender os clientes, que são angariados na praça e levados para uma casa no quarteirão debaixo, na esquina das ruas Santa Cruz e Barão de Cascalho, onde há aluguéis de quartos. Atualmente, esse local já havia sido fechado por fiscais da prefeitura, PM e GCM, mas uma semana depois, o local já havia sido "reaberto". Segundo o que a Gazeta apurou, as mulheres ficam na praça, praticamente, o dia todo e a mais nova delas tem cerca de 65 anos.
À NOITE
Se durante o dia, com a luz natural e com uma movimentação maior de pessoas, a situação já é complicada na praça, o que os moradores de prédios próximos passam e veem, às vezes, beira o impublicável. A Gazeta também conversou com uma moradora da região, que preferiu o anonimato.
Também durante a noite, o local funciona como ponto de travestis. A movimentação de carro de clientes é grande, principalmente nas noites e madrugadas de sextas e sábados. "Tenho pavor de olhar para a praça pela janela. Já vi de tudo: uso de drogas e bebidas alcóolicas, briga de facas entre moradores de rua, mulheres e travestis peladas correndo, fogo e sexo explícito. Eles perderam totalmente o pudor. Fazem o que querem, quando querem e ficam bravos e ameaçadores quando chamamos a atenção", disse. Ela diz que o policiamento existe, mas acredita ser insuficiente. "Os policiais passam e quando desconfiam de algo, param. A gente vê que tem gente que fica de boa nos bancos. Para esses, acho que deve ter tratamento. Mas, têm outros que, 'só por Deus'", finalizou a moradora.
Comandante da GCM vai à praça e promete providências
O comandante da GCM de Limeira, André Hailer foi ao local, a convite de uma emissora de rádio de Limeira. Ele ouviu as reclamações da comerciante ambulante desta reportagem e prometeu aumentar a presença ostensiva das viaturas no local. Segundo a comerciante, ainda durante a manhã, com a presença de viaturas, a situação foi tranquila. "Bastou as viaturas saírem, eles vieram correndo", ressaltou.
O comandante disse que as reclamações expostas pela ambulante são recorrentes e que é necessária uma ação conjunta entre Segurança, Saúde e Serviço Social de Limeira para tentar atender a demanda de uma forma mais ampla. Moradores em situação de rua, normalmente são pessoas viciadas em álcool e drogas. Em entrevista à rádio, Hailer afirmou: "O Serviço Social faz um serviço valioso, mas quando a pessoa quer ajuda". A grande dificuldade, de acordo com o comandante, é que a corporação não pode, simplesmente, retirar as pessoas de lá, pois isso feriria o direito de ir e vir delas. "Mas isso, fere o meu direito de ir e vir. Como faz, então?", rebateu a ambulante. Procurada, a Polícia Militar disse que também vai aumentar o policiamento na região da praça.
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