Família Cônego: luta pela vida em mais de 140 dias de internação
“Temos muito o que aprender dentro de um hospital”. Foi assim que o aposentado José Henrique Cônego, 60 anos, iniciou sua história à Gazeta. Ele é um sobrevivente não à covid-19, mas sim, às sequelas que este vírus trouxe à sua família.
Após perder o pai em março deste ano, vítima de um infarto, vários membros de sua família foram testados positivos para a covid-19. Entre elas, sua mãe, de 86 anos. “Ela não teve nada enquanto estava contaminada, parecia uma gripe. Depois de um mês, ela começou a se sentir mal. Parou o rim, os pulmões e ela não resistiu”. A idosa faleceu no dia 15 de julho.
Além de perder o pai e a mãe em quatro meses, José Henrique ainda enfrentava outro drama: sua irmã mais nova, Creusa, estava internada na Santa Casa, acometida pelo coronavírus.
“Ela foi ao médico em maio e falaram que era pneumonia”, contou. Creusa foi para casa tranquilamente. Quatro dias depois, começou a passar mal e foi levada ao hospital. Dois dias depois, foi intubada às pressas. O seu companheiro, Maurício, foi amparado por José Henrique. E aí começou a batalha da Creusa para sobreviver à doença. “Ela estava intubada, respirava somente com máquina”, contou o irmão.
E, agora, após quase quatro meses de usa internação, Creusa saiu da UTI e ainda com o respirador, no dia 12 de setembro, celebrou 55 anos de vida dentro do hospital. “As enfermeiras pintaram as unhas dela, fizeram festa para comemorar”, contou o irmão. Na última semana, a paciente foi tirada do oxigênio e vem respirando e falando normalmente. Coube ao aposentado dar a notícia sobre o falecimento da mãe. “Ela era extremamente apegada à nossa mãe, moravam uma ao lado da outra. Ela me contou que enquanto estava na UTI ela sentia que tinha alguém ao lado dela o tempo todo. Sem saber que a mãe tinha falecido, ela achou que era o pai. Agora ela sabe”.
Mesmo com a notícia, a sobrevivência à doença “é um verdadeiro milagre, que não tem explicação”, como explicou Henrique.
José Henrique veio à Gazeta trazer sua história para, principalmente, agradecer à equipe da Santa Casa, que não mediu esforços para cuidar de Creusa, o que permitiu que nesta data (ontem) ela recebesse alta e fosse para casa, para viver uma nova vida. “Acabamos criando uma segunda família dentro da Santa Casa”.
“Na vida, tudo há uma explicação”. José Henrique não pegou a covid, mesmo cuidando de muitos contaminados de sua família.
Sobre tudo o que passaram, ele fala: “Se a gente não for crente a Deus, não sobrevive”, finalizou sua história de luta, amor e fé que passou nos últimos meses.
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