Edmar Ferreira

A Sociedade Esportiva Gran São João recebeu no último sábado um dos maiores nadadores do mundo. O 7º Campeonato Guilherme Guido teve como convidado especial Nicholas Santos, o único brasileiro tetracampeão mundial nos 50m borboleta. Agora aposentado, o brazuca pode sentir e receber o carinho dos presentes.
Sem edição no ano passado em razão da pandemia da Covid-19, a competição deste ano bateu recorde de inscritos. Quase 500 crianças caíram na piscina em busca de medalhas.
Depois de ouvirem o hino nacional, cada atleta pode falar da emoção em ver tantas crianças no clube. Erica Tank representou o prefeito Mário Botion, enquanto o diretor de esportes Junião falou em nome do presidente Reginaldo Silva, o Ceará.
Em seguida, o ponto alto do dia. Nicholas Santos e Guilherme Guido foram para a água para uma única tomada de tempo. Antes, tiraram a camiseta com seu nome nas costas e jogaram para os presentes. Os pequenos nadadores se aglomeravam em torno da piscina para não perderem um detalhe sequer. Foi espetacular ver a alegria dos futuros nadadores. A cada braçada, os olhos brilhavam ao ver os ídolos tão de pertinho.

Guido
O anfitrião da festa, o limeirense Guilherme Guido se emocionou ao ver o filho Lorenzo competindo pela primeira vez. O prodígio nadou os 25m peito, os 25 e 50m livre e subiu ao pódio. "Como pai e atleta, sei da minha responsabilidade. Mas não fico forçando ele a nada. Tem que ser natural. Mas vejo vontade nele em seguir na natação. Para mim seria uma honra vê-lo levar meu sobrenome adiante. O esporte anda em paralelo com a educação e traz benefícios a saúde. Confesso, estou muito feliz com tudo o que está acontecendo", comentou.
Guido tirou seis meses de férias, exatamente para estar inteiro para as duas próximas temporadas, que serão decisivas para a sua carreira. Neste ano, o limeirense participará do Mundial no Japão e do Pan-Americano no Chile. Tem também duas seletivas olímpicas.
O que mais o deixa otimista é que na última vez que caiu na água, Guido registrou seu melhor tempo nos 100m costas. "Quero estar em minha quarta Olimpíada e quem sabe até, fechar minha carreira com essa tão sonhada medalha. Tinha um sonho de nadar em uma Olimpíada e realizei em 2008, com 21 anos. Depois, sonhava com uma final Olímpica. Consegui, ficando em sexto lugar em 2016. Agora falta a medalha. O sarrafo aumentou. Quem sabe a minha experiência possa fazer a diferença diante dessa nova geração", comentou.
Nicholas Santos participou da primeira edição e retornou a Limeira, agora como aposentado e tetracampeão mundial. "Eu e o Guido somos muito amigos. Fomos campeões mundiais juntos no revezamento. E participar desse campeonato que leva o nome dele é motivo de muita satisfação para mim", comentou.
Sobre o segredo da longevidade, Nicholas, de 43 anos, disse que todo atleta precisa ter uma boa alimentação, suplementação, noites bem dormidas, preparo físico e principalmente, cuidar da parte mental.
Santos disse que a maior emoção de sua vida foi conquistar o tetra na Austrália, justamente em sua última competição. Além do ouro, bateu o recorde mundial com 21seg78 e virou embaixador por parte da FINA (Federação Internacional de Natação).
"Quero servir de exemplo para essa nova geração. Sempre nadei forte e fiz parte de uma geração muito competitiva. Foram oito anos nadando em alto nível e despontando nas provas. Se eu tivesse a cabeça que tenho hoje, com certeza me arriscaria mais. Mas tenho ciência que entreguei meus 100% em tudo o que fiz. E sem contar que na minha época eu tinha apenas duas referências, o Gustavo Borges e o Fernando Sherer (Xuxa)", explicou.
Nicholas espera mais investimentos na natação brasileira para que novos atletas de ponta possam surgir. "Acho que está faltando esta renovação. Talvez isso explique o fato de seguir até os 43 anos nadando. Estou aqui para ajudar. Quero que a nossa natação cresça cada vez mais. E o Guilherme Guido sabe que daqui a pouco será ele o nadador mais veterano em atividade no nosso país", completou.