Violência contra crianças: especialistaalerta para danos psicológicos
O Dia Mundial das Crianças Vítimas de Agressão, celebrado hoje, serve como um lembrete doloroso de que a violência contra crianças ainda é uma realidade persistente e triste em todo o mundo.Segundo o 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, mais de 102 mil crianças e adolescentes foram vítimas de algum tipo de violência no Brasil em 2022. Contudo, acredita-se que esse número possa ser ainda maior.
Já em 2023, houve um aumento expressivo nas denúncias de violência contra crianças e adolescentes registradas pelo Disque 100 do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania. Comparado a 2022, o aumento foi mais que o dobro, totalizando mais de 228 mil registros em todo o país.
Especificamente na hora de educá-las, a violência física, psicológica e verbal pode ser reproduzida por pais ou cuidadores. No entanto, é importante ressaltar que essas formas de violência podem causar danos emocionais duradouros, prejudicando o desenvolvimento saudável. Isso porque crianças que são vítimas de violência podem enfrentar sérios problemas emocionais, comportamentais e cognitivos.
“A violência contra crianças e adolescentes, mesmo que disfarçada de disciplina, como uma palmada, pode causar sérias consequências psicológicas. Entre elas estão o estresse, que prejudica o aprendizado e a memória e aumenta o risco de doenças crônicas, além de mudanças de comportamento”, afirma Ieda Maria Gonzaga, assistente social.
De acordo com a profissional, crianças que sofrem violências podem se tornar agressivas e enfrentar ansiedade, baixa autoestima, sentimentos de medo, insegurança, culpa, distúrbios do sono e problemas de adaptação escolar. A punição corporal também torna a criança ou o adolescente mais suscetível à rebeldia, vingança, bullying e à prática de delitos.
Do mesmo modo, gritar não é uma solução eficaz. À primeira vista, falar dessa forma com uma criança pode gerar algum resultado, mas os impactos futuros são bem maiores, podendo comprometer sua capacidade de socialização e, consequentemente, o desenvolvimento de relacionamentos positivos durante a vida. “O aspecto mais importante de educar uma criança sem recorrer à violência é fomentar sua autoestima e confiança. Menos gritos se traduzem em maior segurança emocional. A educação sem violência verbal favorece o desenvolvimento de habilidades emocionais, empatia, comunicação e cooperação”, explica a assistente social.
Conforme Ieda Maria, para educar crianças sem recorrer à violência, algumas estratégias podem ser adotadas. "É importante incentivar a comunicação baseada no diálogo e trabalhar a ideia de causa e efeito, explicando as consequências dos comportamentos inadequados. Independentemente da idade da criança ou do cenário em que se encontra, é crucial considerar que o sentimento que gerou o mau comportamento deve ser respeitado, investigado e discutido com ela", enfatiza.
A especialista destaca que a empatia para entender a motivação da criança ao ter determinado comportamento faz toda a diferença. "Brigas, castigos ou até palmadas podem cessar o comportamento momentâneo, mas não resolvem o problema a longo prazo. Buscar entender é muito mais assertivo", alerta.Para promover um ambiente doméstico não violento, é essencial que os pais sejam bons exemplos. Isso inclui elogiar seus filhos, focar em aspectos positivos, escutá-los genuinamente, cumprir promessas, manter o bom humor, entre outras ações.
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