Percentual de famílias endividadas no Brasil atinge 78,8%
Os brasileiros ficaram mais endividados na passagem de abril para maio, mas o nível de inadimplência manteve-se estável, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A proporção de famílias com contas a vencer passou de 78,5% em abril para 78,8% maio, o terceiro mês seguido de crescimento, apontou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).
O resultado é mais elevado também que o de um ano antes, quando 78,3% das famílias estavam endividadas. Segundo a CNC, o movimento reflete uma maior demanda das famílias por crédito, aproveitando a redução nos juros.
"Esse padrão é corroborado pelo aumento da oferta de crédito. O saldo das operações de crédito para pessoas físicas aumentou 0,8% em abril de 2024, de acordo com o Banco Central, enquanto o crescimento acumulado em 12 meses acelerou de 8,6% em março para 8,9% em abril", ressaltou a entidade, no relatório do indicador
A pesquisa da CNC considera como dívidas as contas a vencer nas modalidades cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.
Na passagem de abril para maio, as famílias de renda mais baixa ficaram mais endividadas. No grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de endividados aumentou de 80,4% em abril para 80,9% em maio. Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de endividados subiu de 79,7% em abril para 79,9% em maio. No grupo de cinco a dez salários mínimos, houve alta de 75,5% para 77,1%. No grupo com renda acima de 10 salários mínimos mensais, essa fatia desceu de 71,7% para 71,4%.
Endividamento
O cartão de crédito permanece como o principal tipo de dívida, mencionado por 86,9% dos endividados, 0,3 ponto porcentual a mais que em maio do ano anterior. Já o uso do cheque especial desceu a 3,9% em maio, o menor nível da série histórica iniciada em 2010.
"Enquanto o financiamento imobiliário apresentou o maior crescimento anual (+1,6 p.p.), resultado do mercado de crédito com juros mais acessíveis. Esse foi o maior percentual de utilização (8,7%) desde fevereiro de 2022", frisou a CNC.
A CNC estima novos aumentos na proporção de famílias endividadas nos próximos meses, alcançando 80,4% em dezembro de 2024. Quanto à inadimplência, as previsões da entidade indicam uma manutenção do atual patamar nos meses de junho e julho, avançando nos meses seguintes, até encerrar o ano de 2024 em 29,4%.
"A faixa de baixa renda, por menos opções de recursos, apresenta maior necessidade de recorrer ao crédito, assim como a maior dificuldade de amortizar essas dívidas. Deve-se estar atento pelo fato de esse grupo ter aumentado seu endividamento em maio, mesmo tendo piora nos seus indicadores de inadimplência.", ressaltou a CNC, no estudo.
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