MP e Defensoria propõem TAC por déficit de vagas em creches
Construção de Termo de Ajustamento de Conduta foi sugestão para solucionar problema
Mais de 1.100 crianças aguardam na fila para uma vaga em creches de Limeira. O assunto foi discutido em audiência pública realizada na Câmara Municipal de Limeira com direito à duras críticas a Secretaria Municipal de Educação. A construção de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) foi uma sugestão para buscar solucionar o problema.
A audiência organizada pela Comissão de Educação e Cultura contou com a presença de vereadores, do secretário municipal de Educação, André Luis de Francesco; e dos representantes do Ministério Público (MP), André Laranjeiras, promotor de justiça e da Defensoria Pública, Mariana Chaib.
Também participaram representantes de escolas que prestam serviço para o programa Bolsa Creche, Gislaine Cristina Januário da Silva; do Conselho Tutelar, Ludma Oliveira; do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Erika Monteiro; e do Sindicato dos Funcionários e Servidores Públicos Municipais de Limeira (Sindsel), Juliana Marin.
Os vereadores criticaram a Secretaria de Educação pelo déficit de vagas em creches e pela falta de construção de creches. O secretário também foi chamado de “liso” e “bagre” pelos parlamentares quando questionado sobre demandas da Educação. Ele se limitou a dizer que apenas responderia sobre questões da pasta. A audiência durou cerca de 2h30 com pouca participação de munícipes e colaboradores da Educação no plenário.
André iniciou a audiência apresentando um panorama da demanda e disponibilização de vagas nas creches de 2007 a 2024. Ele destacou que, por se tratar de uma faixa etária em que a frequência escolar não é obrigatória, é necessário que a demanda seja manifesta para que se possa planejar a oferta de vagas. Ele também explicou que há um intervalo de tempo entre o credenciamento e a disponibilização das vagas e que o planejamento anual visa otimizar a ocupação das creches na rede municipal.
Em seguida, o representante do MP falou que a falta de vagas em creches é um problema crônico de Limeira. Ele rememorou a problemática citando uma ação judicial contra o município datada de 2010, com ajuizamento de cumprimento de sentença proferida em 2014. “Com base naquela decisão de quase 15 anos atrás, é possível pleitear a vaga individual na justiça ainda hoje”, alertou André Laranjeiras.
Mariana Chaib discorreu sobre a atuação da Defensoria Pública para auxiliar famílias a conseguir, de forma judicial, a garantia do direito de ter acesso às vagas nas creches do município, por meio da sentença proferida em 2014. Ela pontuou que o número de ações judiciais está aumentando exponencialmente e fez uma observação: “Nós não temos dificuldade de fazer a Prefeitura cumprir a sentença, a vaga sempre é disponibilizada. Por que eu preciso ajuizar uma ação, movimentar uma série de órgãos para obter uma vaga que existe?”.
Os representantes do MP e da Defensoria Pública propuseram a construção de um TAC, a ser cumprido pela Prefeitura, para buscar solucionar o problema do déficit de vagas, e se colocaram à disposição da Secretaria de Educação para construir em conjunto um planejamento estratégico, levando em consideração as questões orçamentárias e práticas para executá-lo.O termo de ajustamento de conduta é um acordo que o Ministério Público celebra com o violador de determinado direito coletivo. Este instrumento tem a finalidade de impedir a continuidade da situação de ilegalidade, reparar o dano ao direito coletivo e evitar a ação judicial.
BOLSA CRECHE
Representando as instituições que atendem o programa Bolsa Creche, Gislaine Cristina apresentou o projeto, que é uma parceria entre as escolas e o município. Ela falou sobre os valores mensais que são pagos pela Prefeitura para as escolas por criança atendida (R$690,00, equivalente a R$23,30 por dia), e ressaltou que há vagas em muitas unidades, mas que a resposta dada pelo Executivo é que não há demanda na região. “Nós queremos, pedimos para sermos parceiros, para educar crianças, para colocá-las na escola”, reforçou.
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