Cesta básica já consome 60% do salário mínimo
No primeiro mês de 2024, o custo da cesta básica aumentou em 16 das 17 capitais onde o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. A única redução ocorreu em Fortaleza (-1,91%). Na região, o preço da cesta básica apresentou alta de 4,25% em relação a dezembro de 2023. A cesta no estado de São Paulo foi a segunda mais cara, com valor de R$ 793,39. Em comparação com janeiro de 2023, o valor subiu 0,36%.
Entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, 10 produtos que compõem a cesta básica tiveram alta nos preços médios: batata (36,71%), feijão carioquinha (12,29%), arroz agulhinha (9,41%), óleo de soja (6,53%), banana (5,46%), tomate (2,28%), café em pó (1,49%), carne bovina de primeira (1,29%), açúcar refinado (0,89%) e pão francês (0,28%).
Outros três produtos apresentaram queda de preço: farinha de trigo (-1,91%), leite integral (-0,96%) e manteiga (-0,14%). 5 No acumulado dos últimos 12 meses, foram registradas elevações em seis dos 13 produtos da cesta: batata (32,75%), arroz agulhinha (29,77%), açúcar refinado (11,30%), banana (9,67%), tomate (9,07%) e pão francês (2,09%).
Em janeiro de 2024, o trabalhador remunerado pelo salário mínimo de R$ 1.412,00, precisou trabalhar 123 horas e 37 minutos para adquirir a cesta básica. Em 2023, quando o salário mínimo era de R$ 1.320,00, o tempo de trabalho necessário em dezembro foi de 126 horas e 50 minutos, e, em janeiro, de 133 horas e 35 minutos.
Considerando o salário mínimo líquido, após o desconto de 7,5% da Previdência Social, o mesmo trabalhador precisou comprometer, no primeiro mês de 2024, 60,74% da remuneração para adquirir os produtos da cesta básica, que é suficiente para alimentar um adulto durante um mês. Já em 2023, os percentuais foram de 62,33%, em dezembro, e de 65,64%, em janeiro. O salário mínimo ideal para o trabalhador seria de R$ 6.723,41.
INFLAÇÃO DE JANEIRO
A alimentação também contribuiu para o aumento da inflação no país. Em janeiro o aumento foi de 0,42%, após a variação de 0,56% registrada no mês anterior. A alta no primeiro mês do ano foi influenciada especialmente pelo aumento de 1,38% do grupo alimentação e bebidas, que tem o maior peso no indicador (21,12%). Com esse resultado, os alimentos também exerceram o maior impacto sobre o índice do mês (0,29 p.p.). A inflação acumulada nos últimos 12 meses foi de 4,51%. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado hoje (8) pelo IBGE.
“O resultado de janeiro tem, assim como em dezembro, o grupo alimentação e bebidas como principal impacto. O aumento nos preços dos alimentos é relacionado principalmente à temperatura alta e às chuvas mais intensas em diversas regiões produtoras do país”, explica o gerente da pesquisa, André Almeida. É a maior alta de alimentação e bebidas para um mês de janeiro desde 2016 (2,28%).
Nesse cenário, a alimentação no domicílio também ficou mais cara (1,81%), influenciada sobretudo pelo avanço nos preços da cenoura (43,85%), da batata-inglesa (29,45%), do feijão-carioca (9,70%), do arroz (6,39%) e das frutas (5,07%). “Historicamente, há uma alta dos alimentos nos meses de verão, em razão dos fatores climáticos, que afetam a produção, em especial, dos alimentos in natura, como os tubérculos, as raízes, as hortaliças e as frutas. Neste ano, isso foi intensificado pela presença do El Niño”, destaca André.
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