Gripe aviária: professor fala sobre doença viral que chegou ao Brasil
O Ministério da Agricultura e Pecuária registrou os primeiros casos de gripe aviária no Brasil em 15 de maio. Até o momento, 19 aves de espécies migratórias e silvestres foram contaminadas, mas nenhum caso foi registrado em aves comerciais ou em seres humanos. De 2005 a abril de 2023, mais de 400 milhões de aves domésticas foram sacrificadas por causa da influenza aviária em países da África, Ásia e Pacífico, Américas, Europa e Oriente Médio, de acordo a Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH).
Por causa do número de aves infectadas com H5N1 no país, doença conhecida como gripe aviária, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, declarou estado de emergência zoossanitária em todo o território nacional.A medida, publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), é para evitar que a doença chegue na produção de aves, assim como para preservar a fauna e a saúde das pessoas.
A gripe aviária é uma doença altamente contagiosa. No entanto, o vírus não infecta pessoas com facilidade. A transmissão ocorre pelo contato com aves doentes, vivas ou mortas. A declaração de estado de emergência zoossanitária é importante para garantir ações que evitem a propagação da doença, como verbas da União e a articulação com outros ministérios, organizações governamentais e não governamentais. O objetivo é assegurar não só força de trabalho, mas também logística, recursos financeiros e materiais tecnológicos para esse combate.
A detecção foi decorrente das ações previstas no Plano de Vigilância de Influenza Aviária e Doença de Newcastle, do Departamento de Saúde Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária, e demonstra a atuação intensa do sistema de vigilância em saúde animal.
O governo explica que os diversos subtipos do vírus da Influenza A podem infectar esporadicamente outras espécies, como mamíferos, incluindo humanos. Os casos de infecção humana registrados são esporádicos, relacionados à exposição sem proteção adequada às aves doentes, não havendo registros de transmissão entre humanos.
Evidências de presença de outros vírus de influenza aviária de baixa patogenicidade já foram encontradas no Brasil anteriormente. Esses vírus circulam normalmente em populações de aves silvestres, principalmente as aquáticas, em todo o mundo, causando doença leve ou assintomática em aves domésticas e selvagens.
O contato direto, sem proteção adequada, com aves doentes ou mortas deve ser evitado pela população em geral. Todas as suspeitas de IA em aves domésticas ou silvestres, incluindo a identificação de aves com sinais respiratórios, neurológicos ou mortalidade alta e súbita, devem ser notificadas imediatamente ao órgão estadual de saúde animal ou à Superintendência Federal de Agricultura e Pecuária por qualquer meio ou pelo e-Sisbravet (gov.br/agricultura/pt-br/notificacao).
O professor de Patologia do curso de Medicina Veterinária que atua em uma das melhores universidades do país, a Uniube, Humberto Eustáquio Coelho falou sobre o vírus e os cuidados que o momento requer.
Confira:
O que é a gripe aviária?
A gripe aviária é uma doença viral e é um vírus que tem dois antígenos diferentes: o H e o N, portanto, tem quinze H e nove N. Essa combinação é muito diversificada e isso torna o vírus mais complicado. A versão mais famosa até hoje é o H1N1, e agora está sendo diagnosticado aqui no Brasil, em aves selvagem, o H5N1, que é importante, porém, mais perigoso para as aves de granja. As pessoas não precisam se preocupar muito neste momento.
Como o vírus age na ave?
É um vírus da influência A, ou seja, é uma gripe. A ave espirra, tosse, tem secreção nasal e, às vezes, demora até uma semana para morrer, mas aquelas que são mais fracas, morrem subitamente. Esse vírus também tem predileção pelo coração, por isso, pode provocar miocardite, e com isso, provocar uma morte súbita. Mas não é fatal em todas as aves, elas podem sobreviver, podendo passar até despercebido, sendo assim a mortalidade não chega a 100%.
Quem corre o risco com esse vírus?
São as pessoas que trabalham com as aves, os tratadores, os veterinários, os profissionais que podem ter o contato direto com os animais, porque vão manusear essas aves doentes. Outras pessoas não precisam ter medo, afinal, ele não é transmitido através do consumo da carne. Portanto, é um problema, mas temos que estar em alerta, mas não em pânico.
Em caso de contaminação em ser humano, como o vírus se desenvolve?
No ser humano não é uma coisa para termos tanta alerta assim, é uma gripe e assim como na ave, há risco de morte, mas reforço que não é 100% letal. É um risco para tratadores ou, por exemplo, curiosos. Uma pessoa ao ver uma ave doente, pegar e levar para casa na tentativa de ajudar, pode correr um grande perigo. Neste momento, não podemos brincar de cuidar desses animais. Recomendamos que a população comunique com autoridades sanitárias, afinal, o Brasil não quer correr o risco que o vírus chegue aos grandes criatórios.
Qual é a situação atual no país?
No momento, a situação está controlada e sendo observada. As autoridades sanitárias estão atentas e já foi dado um alerta emergencial em todo o Brasil. Exatamente por isso é importante falarmos sobre esse tema, para que todos tenham esse cuidado, por enquanto a doença está apenas em aves selvagens, porque vem de aves migratórias. É um risco para os ribeirinhos, pessoas que frequentam praias, ilhas, e temos o Pantanal, que tem muita água e há uma migração para lá, então é importante que tenha uma atenção especial ao Pantanal no momento. A influenza aviária é considerada uma doença viral altamente contagiosa e afeta, principalmente, aves silvestres e domésticas. Entre os sintomas estão: andar cambaleante; pescoço torto; aspecto abatido; dificuldade respiratória; diarreia; alterações bruscas no consumo de água e ração nas aves de criação e redução na produção ou má formação de ovos. Atenção: Não é recomendado tocar e nem recolher aves doentes.
Com assessoria de imprensa
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