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Boate Kiss: ministro do STJ vota por restabelecer condenação de acusados

O ministro Rogério Schietti Cruz, do Superior Tribunal de Justiça, defendeu ontem o restabelecimento da condenação dos quatro réus pela morte de 242 pessoas durante o incêndio da Boate Kiss, em 2013. Em julgamento na Sexta Turma do STJ, o magistrado não reconheceu as nulidades sustentadas pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul para o caso.

A discussão da Corte superior, no entanto, foi adiada. Dois ministros - Antônio Saldanha e Sebastião Reis - pediram vista, mais tempo para analisar o processo, dada a sua complexidade. Não há data para que o caso volte à pauta do Superior Tribunal de Justiça, mas os magistrados sinalizaram que vão devolver os autos em simultâneo, para não atrasar o trâmite da ação.

Por hora, os quatro réus pelo incêndio da boate seguem respondendo ao processo em liberdade. São eles os sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o produtor do grupo musical, Luciano Bonilha.

No entanto, caso o voto do relator seja acatado pelos demais ministros da Sexta Turma, os acusados deverão voltar à prisão. Para o relator, o restabelecimento da decisão de primeiro grau implica validade da ordem para que os réus cumpram as penas imediatamente. Segundo o ministro, a execução provisória da sentença é decorrência do juízo de condenação.

Quando a sentença de condenação do caso saiu, os quatro réus não foram presos imediatamente em razão de um habeas corpus preventivo, uma espécie de salvo-conduto. À época, a Promotoria recorreu da decisão e o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, determinou o cumprimento da pena.

ZELO

Em voto extenso lido no julgamento, Rogério Schietti Cruz foi rebatendo uma a uma as nulidades sustentadas pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. O ministro argumentou que o presidente do júri foi "zeloso e comprometido com a efetividade da justiça e o respeito às garantias das partes". Em sua avaliação, o juiz de primeiro grau tomou uma série de garantias para não permitir que o processo "complexo" se arrastasse por mais tempo a espera de um desfecho. Na avaliação do magistrado, o presidente do júri agiu com transparência e a "imparcialidade permeou" as decisões do caso da Boate Kiss.

"Não identifiquei mácula alguma no julgamento que pudesse levantar dúvidas quanto à correção formal do veredicto final, cujo mérito ainda pende de apreciação pelo Tribunal de Justiça do Estado."

Caso a Sexta Turma acompanhe o entendimento de Schietti, os autos do recurso contra a condenação da Boate Kiss devem retornar à Corte do Rio Grande do Sul, para que lá os desembargadores analisem o mérito das alegações suscitadas pela defesa dos réus. A anulação da decisão do júri se deu durante a avaliação de questões preliminares, discutidas antes do mérito do caso.

 

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