Foto de capa da notícia

Após operação policial, comércios do Centro de São Paulo são saqueados

Após uma operação policial realizada ontem para desobstruir ruas no centro de São Paulo ocupadas por usuários de drogas e por pessoas em situação de vulnerabilidade social, um grupo invadiu e saqueou uma farmácia e um mini-mercado na região da Avenida São João, na capital paulista.
O movimento Craco Resiste disse que o que ocorreu hoje foi uma reação às violências praticadas frequentemente pelo Estado contra essa população vulnerável. Especialistas têm dito que a intensificação da repressão policial e as notícias de que a prefeitura de São Paulo pretende adotar uma política de internações forçadas, além da decisão judicial que permite à prefeitura retirar barracas de pessoas que vivem nas ruas da capital, têm aumentado a tensão entre as pessoas que frequentam a Cracolândia.
Diversos vídeos que flagraram os saques aos comércios da região central já estão circulando nas redes sociais desde a manhã de hoje. Além de mostrarem dezenas de pessoas furtando a drogaria, os vídeos mostram também agentes da guarda-civil agredindo os invasores com chutes e cassetetes.
Segundo a Secretaria Municipal de Segurança Urbana, a operação policial foi realizada por agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM), Polícia Militar (PM), Polícia Civil e subprefeitura da Sé. A ação de zeladoria que foi realizada hoje, disse o órgão, é realizada “diariamente na região”.
“A GCM atua na proteção dos agentes públicos durante a execução dos serviços municipais, além de também promover a desobstrução das vias públicas, para garantir a livre circulação de pedestres e veículos”, diz a nota da secretaria. A GCM diz que, após as pessoas saquearem produtos da drogaria, a situação foi controlada. A nota informa que não houve confrontos, nem feridos e que ninguém foi detido.
Por meio de nota, a Polícia Militar informou que reforçou o policiamento na área central. “Equipes realizam buscas para localizar os autores das invasões a comércios na área central, ocorridos nesta manhã, após ação de zeladoria realizada por agentes da prefeitura na região”, diz a nota que foi enviada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. “As imagens veiculadas pela imprensa são analisadas pelas equipes de investigação, que trabalham para identificar e individualizar a conduta de cada um”, informa a nota.
“A gente sabe que esse tipo de reação que o fluxo da Cracolândia tem é uma reação que acontece quando fica ainda mais exacerbada a violência e as violações de direitos humanos por parte do Estado” disse Roberta Costa, ativista da Craco Resiste, em entrevista ontem à Agência Brasil. “Nesses últimos dias teve um aumento muito grande da violência – não que em algum momento ela tenha cessado, e essa foi uma reação à violência do Estado. Ela aconteceu após a violência do Estado”, acrescentou ela.
Para pensar em soluções, o movimento Craco Resiste está organizando um seminário, que vai acontecer entre os dias 21 e 23 de abril, em São Paulo. “Por causa disso, nós e uma série de outros coletivos, estamos organizando um seminário para debater essa situação. A situação é séria e temos que debater esses problemas complexos com soluções complexas. Temos que pensar, por exemplo, em um espaço de uso, um lugar em que a gente consiga cuidar dessas pessoas em vez de ficar violentando elas ainda mais”, defende.

Comentários

Compartilhe esta notícia

Faça login para participar dos comentários

Fazer Login