Mensalidade escolar deve subir mais de 10% em todo o estado
As mensalidades escolares devem subir acima da inflação este ano, segundo o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp), que representa as escolas particulares paulistas. O índice de reajuste sobre os valores cobrados a partir do ano que vem deve oscilar entre 10% e 12%, segundo o Sieeesp, enquanto a inflação oficial acumulada nos últimos 12 meses está em 7,17%. As escolas alegam defasagem nos valores durante a pandemia e alta na inadimplência. Uma pesquisa mostrou que muitas estão oferecendo descontos para manter os alunos.
Faltando pouco mais de um mês para o fim do ano letivo, pais de alunos e escolas particulares têm até o dia 15 de dezembro para negociar a renovação ou novas matrículas para 2023. Conforme o sindicato, cada estabelecimento define seu índice de reajuste, com base em planilha de custos, atendendo a uma lei federal. "As escolas particulares são o único segmento que tem seus preços controlados no Brasil e só podem reajustar uma vez por ano, por isso não podem errar. Não existe escola com boa qualidade pedagógica se não tiver uma boa saúde financeira", afirmou o presidente, Benjamin Ribeiro da Silva.
O Brasil tem cerca de 6,5 milhões de alunos matriculados na educação básica privada em pouco mais de 40 mil escolas. Mais de 2 milhões estão somente no Estado de São Paulo. O grupo Rabbit, uma das principais consultorias em gestão educacional do País, estima que as mensalidades da escola particular subirão em média 10,9% este ano. O valor é mais que o dobro dos 5% aplicados no ano passado, ainda sob os efeitos da pandemia de covid-19. Em 2020, auge da pandemia, o reajuste médio ficou em 4%. Em 2019, havia sido de 9%.
Descontos
Conforme o consultor e CEO do Rabbit, Christian Coelho, a maioria das escolas, especialmente as que têm educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, já definiram os reajustes. Uma pesquisa realizada pelo Rabbit mostrou que mais de 80% das escolas ofereceram ou pretendem oferecer descontos variados no pagamento da primeira parcela, como forma de amenizar a situação financeira dos pais no início do ano. A pesquisa envolveu 263 escolas de vários Estados brasileiros, incluindo São Paulo.
De acordo com o consultor, os índices de reajuste este ano ainda sofrem a influência da pandemia, uma vez que muitas escolas foram obrigadas a adquirir equipamentos e se adaptar às formas de ensino recomendadas pelas normas sanitárias. Houve também impacto da inadimplência que, em julho, chegou a 11,1% nas escolas com todos os níveis de ensino, um porcentual elevado. Segundo ele, o setor menos impactado foi o das escolas de educação infantil, com 3,5% de mensalidades atrasadas por mais de 30 dias.
A média histórica de inadimplência, considerando os dez últimos anos, é de 5,5%. Conforme Coelho, os donos de escolas temem aplicar às mensalidades um reajuste que as famílias não possam pagar e aumentar o endividamento dos pais. "A inadimplência no setor tende a diminuir no fim do ano, porque os pais precisam estar em dia para fazer a matrícula dos filhos. O problema é que o caixa financeiro das escolas já foi afetado por essa flutuação nos pagamentos", explicou.
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