“Redes sociais podem influenciar votos”, diz especialista
As redes sociais são uma ferramenta de comunicação estratégica nos tempos atuais, mas o grande volume de informações inverídicas e os ataques à Justiça Eleitoral que marcaram o pleito geral das Eleições de 2018 acendeu um alerta no próprio Tribunal Superior Eleitoral.
Neste ano, no Portal do TSE, eleitoras e eleitores podem encontrar inúmeras informações sobre a credibilidade do processo eleitoral brasileiro e sobre as diversas etapas de auditoria e fiscalização do sistema eletrônico de votação por entidades públicas, privadas e profissionais. No mês de junho, o TSE publicou a série #DemocraciaEmPílulas, que destaca as ações do Tribunal no enfrentamento da desinformação, entre outros assuntos.
O Tribunal estabelece, por exemplo, que a propaganda eleitoral paga na internet deve ser feita somente por candidatos, partidos, coligações ou federações partidárias e precisa ser identificada como tal onde for exibida. Não se considera propaganda eleitoral a publicação com elogios ou críticas a candidatos que seja feita por eleitores em suas páginas pessoais.
Apoiadores podem publicar conteúdo, mas não devem recorrer ao impulsionamento pago para alcançar maior engajamento. E é proibido contratar pessoas físicas ou jurídicas que façam publicações de cunho político-eleitoral em suas páginas na internet ou redes sociais. O envio de mensagens eletrônicas aos eleitores que se cadastrarem voluntariamente para recebê-las é permitido, mas é necessária identificação dos emissores e respeito às regras da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais.
O TSE exige, no entanto, que haja meios para o descadastramento caso o eleitor não queria mais receber o conteúdo. Ele determina ainda que o disparo em massa de conteúdo eleitoral por meio de mensagens de texto é ilegal e pode levar à cassação do registro da candidatura, inelegibilidade e multa de 5 mil a 30 mil reais.
Para combater a desinformação nas eleições, o TSE firmou acordo este ano com Facebook, Instagram, Twitter, Google, WhatsApp e TikTok. A parceria não inclui o Telegram, mas o tribunal já tem um canal no aplicativo. Entre os vídeos divulgados na página da Justiça Eleitoral no YouTube está o que incentiva a população a se inscrever, observando o símbolo azul que identifica o canal verificado, que é o perfil@tse.jus.
Em entrevista para a Gazeta, Jennifer de Paula, responde como a má gestão de uma rede social pode minar planos de candidatos. A especialista que é Pós Graduada com MBA em Marketing e Negócios Interativos é diretora de marketing e gestão da MF Press Global, uma agência de comunicação internacional.
Responsável por gestão de mídias sociais, carreira, posicionamento de marca, comunicação integrada e construção de autoridade no mercado de profissionais que somam milhões de seguidores nas redes sociais, Jennifer também é referência no que diz respeito às principais atualizações do mundo digital.
Confira a entrevista:
As redes sociais mostraram sua força de engajamento nas últimas eleições. Isso foi um fator positivo ou negativo no Brasil?
Precisamos acompanhar a evolução da tecnologia e a política não poderia ficar de fora disso. Os jovens fazem parte de nossa esperança para um melhor futuro e sua grande maioria passam horas conectados nas redes diariamente. Incluir conhecimento sobre o assunto onde antes só existiam outros formatos de entretenimento é uma ótima forma de comprovar que a rede social pode e deve ser utilizada para outros fins.
As redes sociais podem influenciar os votos?
Sim e com o passar dos anos isso se torna cada vez mais comprovado. Não apenas votos, mas em um exemplo rápido me responda: Ao pesquisar sobre um profissional da saúde (dentista), você se depara com dois especialistas onde um publica diversos resultados e depoimentos de pacientes satisfeitos. O outro apenas foto de seu consultório. Qual deles você sentiria mais confiança em contratar? É exatamente isso que vem acontecendo na política onde os candidatos precisam constantemente comprovar seus feitos para conquistarem seus votos.
Vale a pena investir em profissionais para administrar as redes sociais durante a campanha?
Profissionais da área já deveriam fazer parte da planilha de investimento em campanhas. Por mais que os conteúdos “informais”, aparentemente não produzidos/editados sejam os que mais atraiam atenção, interação e confiança do público, existe uma demanda por trás de cada post. Desde os cortes de trechos/vídeos importantes ao agendamento da publicação. Logo, o candidato não deve se preocupar com essa parte e sim delegar essa função ao setor responsável.
A expressão fake news tornou-se popular no linguajar brasileiro nas últimas eleições. Isso ainda pode impactar nas intenções de votos?
Fake News vai muito além de uma “invenção” publicada na rede social. Podemos também considerar um post fake quando, por exemplo, nos deparamos com um conteúdo propositalmente manipulado como “apenas um lado da história ou cortes que acabam induzindo pontos negativos e positivos dos candidatos, manipulando decisões de voto.
Existe uma linha tênue entre discurso de ódio e liberdade de expressão na internet?
É comum que acabem confundindo a liberdade de expressão com “posso falar/postar” o que eu quiser. A internet está repleta de discursos de ódio feitos por pessoas que não possuem conhecimento suficiente para entenderem que um “simples post” pode causar consequências graves para ela ou para quem está atacando.
O TSE chegou a lançar uma campanha de incentivo à participação feminina na política. Como enfrentar a violência política de gênero na internet?
Internautas utilizam da facilidade do cyberbullying para atacar, pois se sentem “protegidos atrás de uma tela”. Logo, a melhor opção é denunciar e mostrar que não só na política, mas qualquer outro tipo de violência pela internet trará consequências a quem não respeitar uma pessoa, seja ela de qualquer gênero.
Qual sua opinião sobre o uso das mídias sociais por políticos em campanha eleitoral?
As redes sociais se tornaram um canal de aproximação com o público. Quando bem utilizada pode ser a melhor forma de “mostrar a verdade” em tempo real sobre os feitos dos candidatos, dia a dia, família e tudo que em um debate ou propaganda eleitoral de segundos na TV não conseguem mostrar.
Acredito que mil publicações na rede social sejam bem melhores que mil panfletos, adesivos ou outdoors pelas cidades, além de ser uma forma de comunicação gratuita não obrigando os candidatos a gastarem milhões em campanha que podem ser investidos em outras prioridades.
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