Empreendedorismo feminino cresce 41% na pandemia
O empreendedorismo feminino no Brasil avançou durante a pandemia de Covid-19. É o que revelam dados presentes no relatório Global Gender Gap Report 2022, do FEM (Fórum Econômico Mundial). De acordo com a análise, o percentual de brasileiras à frente de seus próprios negócios aumentou 41% entre 2019 e 2020, na fase mais crítica da crise sanitária. Para os homens, a alta foi de 22%.
Um levantamento realizado pelo LinkedIn - rede social de negócios, com base nos usuários da plataforma -, publicado no relatório do FEM, também demonstrou que, considerando 22 países analisados, o número de mulheres e homens que passaram a se identificar como empreendedores aumentou 45% e 32%, respectivamente.
De forma síncrona, informações do GEM (Global Entrepreneurship Monitor) 2020, coletados com apoio do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e do IBQP (Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade), indicam que o Brasil tem cerca de 52 milhões de empreendedores. Destes, 30 milhões (48%) são mulheres, dado que leva o país a ocupar a sétima posição entre os países com o maior número de empresárias.
Paralelamente, indicadores da RME (Rede Mulher Empreendedora) confirmam que mais da metade (55%) das empresárias do país iniciaram seus negócios nos últimos três anos, em plena pandemia de Covid-19.
O percentual de mulheres na B3 (Bolsa de Valores brasileira), que chegou à marca de 5,224 milhões de contas em junho, também ganha destaque. Do total de contas, 76,31% são de homens e 23,69% são de mulheres. Há um ano, a taxa de participação de homens e mulheres era de 76,99% e 23,01%, respectivamente.
As unidades federativas com menor diferença de gênero são o Distrito Federal, com 26,4% de mulheres, o Rio de Janeiro (25,8%) e São Paulo (25,5%). Por outro lado, os estados com menor participação feminina são Maranhão (19,9%), seguido pelo Pará, Roraima, Rio Grande do Norte, Piauí, Alagoas, Mato Grosso e Tocantins, todos com cerca de 21%.
Com relação ao crescimento no número de mulheres que empreendem e investem no país, Juliana Borges, diretora da New Consultoria Empresarial - consultoria multidisciplinar corporativa -, observa que o Brasil está vivenciando um movimento interessante, em que o multigerenciamento feminino está chamando a atenção do mercado.
“Estamos diante de um cenário em que mães, esposas e profissionais estão usando suas vivências, cuidados e habilidades para a abertura de novas operações comerciais que se desenvolvem sob um ponto de vista objetivo e voltado para os resultados. Isso conquista investidores e consumidores, que acabam buscando empresas com mais segurança no atendimento, na prestação de serviços e nas entregas”, complementa Borges.
Ela observa que o número de mulheres à frente de negócios, apesar de crescente, ainda é baixo. “As mulheres são cautelosas e detalhistas por natureza, e isso é positivo mas, por vezes, conflita com a tomada de risco que a área de negócios pede, gerando um receio que pode paralisar uma ideia excelente”
Segundo Borges, o que as empreendedoras estão descobrindo é que a mistura destes elementos [cautela e tomada de risco] é positiva. “O mercado responde muito melhor para quem trata seus clientes com cuidado. Desde o detalhe de embalagens, cores e qualidade final de um produto, que chamam a atenção de um grupo”.
Inspiração e mentorias podem impulsionar novas empreendedoras
Para a diretora da New Consultoria Empresarial, é preciso aprender a dominar o método. “A partir do domínio de como desenvolver projetos e tirar ideias do papel, um universo novo se abre. Por isso, acreditamos na informação e no aprendizado como impulso”
Borges chama a atenção para o fato de que, cada vez mais, histórias de empreendedoras de sucesso vêm ganhando destaque na mídia, o que serve de inspiração para as mulheres que têm ideias, mas não sabem por onde começar.
'Diversos indicadores demonstram que, apesar dos avanços, a participação feminina ainda é tímida, tanto no empreendedorismo, como na bolsa de valores - um quadro que levanta questões a serem debatidas pela sociedade e que, com um empenho coletivo, podem fomentar soluções para mudanças a médio prazo”, finaliza.
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