Quando as mentiras da criança começam a gerar preocupação
A convivência com crianças gera momentos maravilhosos. Um deles é quando os pequenos resolvem contar histórias, sinalizando o desenvolvimento típico da idade. Porém, quando parte dessas situações envolve relatos marcados pela mentira, os pais devem ficar alertas. As mentiras em excesso ou faltar com a verdade sempre que um determinado assunto surge representa que há algo errado. Neste cenário, buscar ajuda de um especialista é importante, segundo a neuropsicóloga Jessyca Gabriella César Silva, do Sistema Hapvida.
"Há situações em que achamos engraçado uma criança mentir. Essa prática é considerada normal, pois até cinco anos de idade ele não separa a fantasia do mundo real. Os pais devem se preocupar quando há muita frequência nessa prática", afirma a especialista. Vários fatores levam à mentira na infância, principalmente, a faixa etária. Crianças menores mentem, geralmente, por causa da fase de desenvolvimento. Já as maiores podem mentir por medo de repreensões e castigos, para chamar a atenção dos pais, para ser notado pelos colegas ou até mesmo fugir das responsabilidades.
"Nessa idade, dizer que está doente só para não ir à escola é uma forma de fugir da responsabilidade", exemplifica Jessyca. O ambiente familiar também influencia muito. "Se a criança está acostumada a ver os pais mentindo em situações pequenas, como pedir para a criança dizer que não tem ninguém em casa quando o telefone toca, ela assimila que aquela atitude é natural e aceitável. Por isso, os adultos devem ter atitudes coerentes com o discurso de aversão à mentira, servindo de exemplo", orienta.
Segundo Jessyca, é normal a criança mentir, pois se encontra em uma fase de descoberta. Nessa fase, ela começa a testar e entender o que almeja e o que deve fazer para conseguir seus objetivos. Também nesse período, os pequenos percebem os níveis de interação com cada pessoa de seu convívio – como pais, professores, colegas de classe, entre outros.
Apesar de as regras de convivência serem as mesmas, existem detalhes que diferenciam cada relação. E é nessa fase de "teste" que a mentira pode surgir. O primeiro passo para tratar o tema é o diálogo, conta a neuropsicóloga do Sistema Hapvida. A criança precisa saber que está em um ambiente seguro para compartilhar vontades e pensamentos sem julgamentos.
"Essa conversa criará uma abertura para que o adulto possa entender os motivos daquela mentira, entender se é apenas algo típico do desenvolvimento ou se existe outra dificuldade. A partir disso, é possível estabelecer junto, ou explicar para a criança, os limites e regras de convivência", diz.
A especialista recomenda ainda que os pais tenham muito cuidado com a abordagem da criança nos passos seguintes ao diálogo. Bater ou repreender com castigos severos traz a sensação de desconforto, sofrimento e desconfiança, gerando o risco de a incidência das mentiras aumentar. Por isso, o acompanhamento de especialistas é imprescindível para o desenvolvimento da criança.
Jessyca Gabriella César Silva
Neuropsicóloga do Sistema Hapvida
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