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Varíola dos macacos: Brasil investiga dois casos suspeitos

O Ministério da Saúde afirmou ontem que as autoridades investigam dois casos suspeitos de varíola dos macacos no Brasil. Um deles em Santa Catarina e o outro no Ceará. Até o momento, não há casos confirmados no País. "O Ministério da Saúde está em contato com Estados para apoiar no monitoramento e ações de vigilância em saúde", disse em nota.

A Secretaria da Saúde do Ceará (SESA) disse que recebeu a notificação de um caso suspeito de varíola dos macacos de um residente de Fortaleza. "Foram aplicadas todas as medidas recomendadas como isolamento domiciliar, busca de contatos e coleta de material para exames, que está em processamento", reforçou, em nota.

Após investigação epidemiológica, a pasta acrescenta que não foi identificado nenhum deslocamento para áreas em que foram confirmados casos e nem contato com pessoas com a doença. A principal suspeita diagnóstica é varicela.

Até agora, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que ao menos 20 países que antes não tiveram registros de varíola dos macacos relataram mais de 250 casos. Outras 120 notificações permanecem sob investigação. Nenhuma morte foi relatada pela entidade.

O primeiro caso europeu foi confirmado em 7 de maio em um indivíduo que retornou à Inglaterra da Nigéria, onde a varíola dos macacos é endêmica. Desde então, países da Europa, assim como Estados Unidos, Canadá e Austrália, confirmaram casos.

No domingo, 22, o Reino Unido confirmou que os casos já estavam sendo considerados como de transmissão local. Ou seja, não estavam relacionados a nenhuma viagem à África Ocidental, onde a doença é endêmica.

No mesmo dia, o Ministério da Saúde da Argentina informou investigar o primeiro caso suspeito no país. Tratava-se de um homem residente de Buenos Aires, que esteve recentemente na Espanha e apresentava sintomas compatíveis com a doença, mas está em "bom estado geral".

Rosamund Lewis, principal especialista em varíola dos macacos da OMS, disse que não espera que as centenas de casos relatados até o momento se transformem em outra pandemia, mas reconheceu que ainda há muitas incógnitas sobre a doença, incluindo como exatamente ela está se espalhando e se a suspensão da imunização em massa contra a varíola décadas atrás pode de alguma forma estar acelerando sua transmissão.

Em uma sessão pública ONTEM, Rosamund Lewis disse que é fundamental enfatizar que grande parte dos casos vistos em dezenas de países em todo o mundo são entre gays, bissexuais ou homens que fazem sexo com homens, para que os cientistas possam estudar mais a questão e que as populações em risco tomem precauções."É muito importante descrever isso porque parece ser um aumento em um modo de transmissão que pode ter sido pouco reconhecido no passado", disse a especialista.

Ainda assim, ela alertou que qualquer pessoa corre risco potencial de contrair a doença, independentemente de sua orientação sexual. Outros especialistas apontaram que pode ser acidental que a doença tenha sido detectada pela primeira vez em homens gays e bissexuais, dizendo que pode ela se espalhar rapidamente para outros grupos se não for controlada.

TRANSMISSÃO

Identificada pela primeira vez em macacos, a doença viral geralmente se espalha por contato próximo e ocorre principalmente na África Ocidental e Central. Raramente se espalhou para outros lugares, então essa nova onda de casos fora do continente causa preocupação. Existem duas cepas principais: a cepa do Congo, que é mais grave, com até 10% de mortalidade, e a cepa da África Ocidental, que tem uma taxa de mortalidade de cerca de 1%.

O vírus pode ser transmitido através do contato com lesões na pele e gotículas de uma pessoa contaminada, bem como através de objetos compartilhados, como roupas de cama e toalhas. O período de incubação da varíola dos macacos é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias.

SINTOMAS

Os sintomas se assemelham, em menor grau, aos observados no passado em indivíduos com varíola: febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas durante os primeiros cinco dias. Erupções cutâneas (na face, palmas das mãos, solas dos pés), lesões, pústulas e, finalmente, crostas também aparecem. Segundo a OMS, os sintomas da doença duram de 14 a 21 dias.

PREVENÇÃO

Segundo o Instituto Butantan, entre as medidas de proteção, autoridades orientam que residentes e viajantes de países endêmicos evitem o contato com animais doentes (vivos ou mortos) que possam abrigar o vírus da varíola dos macacos (roedores, marsupiais e primatas) e devem se abster de comer ou manusear caça selvagem.

Higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel são importantes ferramentas para evitar a exposição ao vírus, além de evitar contato com pessoas infectadas e usar objetos de pessoas contaminadas e com lesões na pele. A OMS permanece trabalhando em estreita colaboração com países onde foram relatados casos da doença viral.

 

Com informações da Agência Estado

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