Taxa de Desemprego neste trimestre é a menor desde 2016
A taxa de desocupação em todo o país ficou em 11,1% no trimestre encerrado em março, a mais baixa para o período desde 2016. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, a estabilidade da taxa de desocupação é explicada pelo fato de não haver crescimento na busca por trabalho no trimestre. O cenário é diferente daquele apresentado nos outros trimestres encerrados em março, quando, pelo efeito da sazonalidade, havia aumento da procura por trabalho.
“Se olharmos a desocupação em retrospecto, pela série histórica da pesquisa, podemos notar que, no primeiro trimestre, essa população costuma aumentar devido aos desligamentos que há no início ano. O trimestre encerrado em março se diferiu desses padrões”, afirma. A taxa de desocupação é a menor para um trimestre encerrado em março desde 2016, quando também foi de 11,1%.
Outra categoria que cresceu foi a dos empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada, que foram estimados em 34,9 milhões de pessoas. Frente ao trimestre encerrado em dezembro, é um aumento de 1,1%, ou de 380 mil pessoas. “Essa categoria cresceu pelo quarto trimestre consecutivo, porém em percentual menor ao observado nos trimestres de 2021, respectivamente, segundo (1,8%), terceiro (4,4%) e quarto (2,9%) trimestres. Embora tenha reduzido o ritmo de crescimento, a expansão do emprego com carteira vem contribuindo para um gradativo aumento da formalidade na ocupação”, afirma Beringuy.
Em relação aos setores analisados pela pesquisa, apenas o da construção teve redução no seu contingente de trabalhadores na comparação com o trimestre anterior. O número de empregados desse segmento caiu 3,4%, ou 252 mil pessoas. Os outros setores ficaram estáveis nessa comparação.
“A queda no número de ocupados na construção ocorreu principalmente entre trabalhadores por conta própria e empregados sem carteira, que representam parcela relevante dos ocupados nessa atividade. A queda na informalidade no trimestre pode ser associada à redução desses trabalhadores na construção”, analisa.
Com a retração no contingente de ocupados, o crescimento da população fora da força de trabalho foi de 1,4%, o que equivale a uma adição de 929 mil pessoas. Já a força de trabalho potencial caiu 6,8% ou 610 mil pessoas. Esse grupo reúne aqueles que não estavam ocupados nem procuravam uma vaga no mercado, mas tinham potencial para se transformarem em força de trabalho. No mesmo período, 195 mil pessoas saíram do contingente de desalentados.
RESSALVAS
O economista-chefe Felipe Salles, viu com satisfação o resultado: "A gente vê que a ocupação subiu, que empregos foram gerados, inclusive formais. De fato, uma surpresa positiva", declarou. No entanto, apesar do cenário melhor no curto prazo, Salles alerta que a queda da renda real ainda é uma preocupação.
Ao mesmo tempo, a tendência ainda é de aumento da desocupação no segundo semestre, quando os efeitos do aperto monetário devem se refletir com mais força na atividade. "Na segunda metade do ano, a economia deve sofrer uma desaceleração, pelos efeitos de uma política monetária contracionista, e o desemprego deve voltar a subir", previu o economista.
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