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OMS registra 230 casos da hepatite misteriosa em crianças e adolescentes

Um surto de hepatite de origem ainda desconhecida preocupa autoridades de saúde de países europeus, dos Estados Unidos e até do Brasil. “Até 1º de maio, foram comunicados à OMS 230 casos em 209 países, e outros 50 estão sendo investigados”, disse o porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tarik Jasarevic, a jornalistas em Genebra.

O que chama atenção é que a hepatite, inflamação causada nas células do fígado, afeta sobretudo, bebês, crianças e adolescentes até 16 anos de idade, muitas delas, saudáveis. De acordo com a OMS, até o último domingo, uma criança havia morrido e cerca de 17 precisaram de transplante de fígado.

DOENÇA

A médica pediatra, Ana Escobar, explica que o curioso é que os vírus comuns da hepatite não foram identificados em nenhum dos casos. “Classicamente, sabemos que são cinco tipos de vírus que causam a hepatite: A, B, C, D e E. Existem vacinas apenas contra os vírus A e B. Mas não foi encontrado nenhum desses nos casos da hepatite misteriosa. No entanto, em alguns casos, os pesquisadores isolaram um vírus chamado de adenovírus, que normalmente causa doença respiratória ou diarreia e que não tem nada a ver com hepatite. Enfim, a causa dessa doença ainda está em estudos”, diz.

SINTOMAS E PRECAUÇÕES

“O quadro é de hepatite com sintomas como vômito, diarreia, febre e caracteristicamente os olhos começam a apresentar a cor amarelada, que chamamos de icterícia, o xixi também fica mais escuro”, acrescenta a médica, em um vídeo no seu canal no Youtube.

A pediatra afirma que no Brasil ainda não há registro da doença e orienta sobre precauções. “Primeiro, precisamos manter as vacinas das crianças em dia, principalmente, as hepatites A e B, além de seguir os fatores de proteção contra doenças infecciosas, como higienizar corretamente os alimentos e as mãos”, finaliza. 

BRASIL

Especialistas brasileiros se mostram preocupados com o fato da doença estar se espalhando rapidamente. “Estamos presumindo que o número de casos vai aumentar, ainda mais agora com as viagens em alta, já que a pandemia está mais controlada. É grande a possibilidade de chegar no Brasil", afirma Marcelo Simão, professor da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) e ex-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), ao UOL.

ESTUDOS

Segundo a OMS, o principal suspeito até agora seria uma infecção causada pelo adenovírus do tipo 41. "O adenovírus tipo 41 geralmente se apresenta como diarreia, vômito e febre, muitas vezes acompanhados de sintomas respiratórios. Embora existam relatos de casos de hepatite em crianças imunocomprometidas com infecção por adenovírus, o adenovírus tipo 41 não é conhecido como causa de hepatite em crianças saudáveis", diz o comunicado da organização.

Mas, segundo especialistas, não é descartada a hipótese de que o vírus possa ter sofrido mutações e se tornado mais transmissível e agressivo.

O Centro Europeu para a Prevenção e o Controle de Enfermidades (ECDC) e autoridades de diversos países também estão investigando as causas. No entanto, Andrea Ammon, diretora do ECDC, disse a repórteres, em uma entrevista virtual, que a teoria de que as restrições da covid-19 possam ter enfraquecido a imunidade das crianças, já que elas foram menos expostas a patógenos comuns enquanto estavam isoladas, é uma das várias que estão sendo consideradas.

 

 

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