Dia Mundial do Câncer: evasão de consultas pode agravar casos
Segundo estimativa do INCA (Instituto Nacional de Câncer), o Brasil deve registrar 625 mil casos novos de câncer em 2022 - considerando o cálculo global corrigido para o sub-registro, essa estimativa chega a 685 mil casos novos. Também segundo o órgão, o câncer de pele não melanoma será o mais incidente (177 mil), seguido pelos cânceres de mama e próstata (66 mil cada), cólon e reto (41 mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil). Celebrado hoje, o Dia Mundial do Câncer serve de alerta e tem como objetivo manter a importância dos exames diagnósticos presente no dia a dia das pessoas.
Separados por sexo, os tipos mais frequentes nos homens, excluindo-se pele não melanoma, serão próstata (29,2%), cólon e reto (9,1%), pulmão (7,9%), estômago (5,9%) e cavidade oral (5,0%). Nas mulheres, também sem contar o não melanoma, os mais incidentes serão os de mama (29,7%), cólon e reto (9,2%), colo do útero (7,4%), pulmão (5,6%) e tireoide (5,4%). Comportamentos não saudáveis como fumar, consumir bebidas alcoólicas, sedentarismo e manter dieta pobre em vegetais também aumentam o risco de 10 tipos da doença.
Após os últimos dois anos de pandemia, nos quais grande parte dos indivíduos deixou as consultas e check-ups rotineiros de lado, essa lembrança se faz ainda mais necessária já que em 2020, a aderência à mamografia, principal exame para detecção precoce do câncer de mama, diminuiu em 45% em relação ao ano anterior.
Outro dado importante é que entre janeiro de 2020 e outubro de 2021, foram realizados pouco mais de 99.600 diagnósticos de câncer de pele, um número cinco vezes menor do que a incidência esperada da doença pelo INCA. Já com relação a saúde do homem, identificou-se uma diminuição de 27% e 21% na coleta de PSA e no número de biópsias da próstata, respectivamente. Além disso, houve uma redução de 21,5% na realização de cirurgias para retirada da próstata por câncer na comparação entre 2019 e 2020.
“Além dos novos casos, há uma expectativa por parte da comunidade médica sobre o aumento dos diagnósticos de câncer em estágios mais avançados, já que muita gente deixou de cuidar da saúde por conta do medo da covid-19. Esse é um problema que afeta o indivíduo no nível pessoal, pois o prognóstico das neoplasias malignas muitas vezes está diretamente relacionado ao momento do diagnostico - quanto mais avançado, mais complexo pode ser o tratamento e em geral menores as chances de cura. Mas também traz uma preocupação para a sociedade, pois essas pessoas com diagnósticos mais avançados trarão uma demanda grande e concentrada para todo o sistema de saúde”, explica o oncologista Carlos dos Anjos.
“É preciso que 2022 seja o ano da retomada dos cuidados com a saúde. Isso envolve consultas, realização de exames, diagnósticos, início e adesão ao tratamento e claro, para continuar com a saúde em dia, adoção de hábitos saudáveis tanto para quem não tem câncer quanto para quem está em tratamento”.
Isso vale também para crianças e adolescentes. “Antes da covid-19 o diagnóstico precoce dos cânceres infanto-juvenis já era um desafio. Agora, esse desafio é ainda maior. O que mais atrapalha é a falta de conhecimento sobre os sinais iniciais da doença e o estigma desse diagnóstico nessa faixa etária”, conta Juliana da Mata, oncologista pediátrica.
“Ao invés de se apegar a isso, os pais devem buscar um pediatra ao menor sinal de que algo não vai bem. Perda de peso, ínguas inchadas na região do pescoço, axilas e virilhas, febre e hematomas são alguns dos primeiros sinais que devem acender o alerta. A chance de cura do câncer infantil fica em torno de 80% enquanto nos adultos, essa porcentagem é menor. Mas para isso, o diagnóstico precoce é essencial”.
Segundo o INCA, os casos de câncer em crianças e jovens de 0 a 19 anos representa 3% do total de cânceres em adultos. Os mais comuns são as leucemias, com 28% dos casos, tumores do sistema nervoso central, com 26%, e linfomas compreendendo cerca de 8%.
Equidade em debate no Dia Mundial do Câncer
O debate online ‘Somos Iguais e Diferentes: a Importância da Equidade no Controle do Câncer’ vai marcar o Dia Mundial do Câncer, que, no Brasil, é promovido pelo INCA. O objetivo é alertar a sociedade de como a falta de equidade no acesso à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento do câncer custa vidas.
Pretende-se, ainda, auxiliar no reconhecimento de problemas e dificuldades na abordagem de certos grupos com condições ou necessidades especiais, como idosos, pessoas com deficiência física ou mental, autismo, além de especificidades culturais e étnicas. O debate será entre profissionais do INCA e transmitido pela TV INCA, às 10h, pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=K5A1-SP5rUM.
A data é coordenada pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), instituição que reúne mais de mil organizações ligadas ao câncer em cerca de 160 países. O Dia Mundial do Câncer tem como objetivo divulgar o tema da campanha (Close the care gap), ao longo de todos os meses do ano, trabalhando diretamente com seus membros afiliados — como o INCA, cuja diretora-geral, Ana Cristina Pinho, é integrante do conselho de diretores UICC, com mandato até este ano — que criam e repercutem ações que atendem diferentes prioridades organizacionais.
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