Cresce o número de mulheres insatisfeitas com a aparência
Nos últimos anos tem aumentado de forma expressiva o número de mulheres que estão insatisfeitas com a imagem pessoal. Prova disso é que o Brasil ocupa o primeiro lugar no mundo com o maior número de cirurgias plásticas realizadas. Com aproximadamente 1.5 milhões de cirurgias ao ano, o país ultrapassa os Estados Unidos e o México, em segunda e terceira posições, respectivamente.
Os dados são da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). O que chama atenção é que nos últimos 10 anos houve um aumento de mais de 140% no número de cirurgias realizadas por jovens entre 13 e 18 anos.
Para a psicóloga Eliana Ferrarez, essas informações mostram a necessidade de a mulher começar, o quanto antes, a construir uma forma assertiva e positiva de olhar para si mesma. “Para que não se deixe definir pelos padrões estabelecidos e ditados pela sociedade é fundamental ter consciência do valor pessoal, do que de fato é valor para você e ainda qual tipo de critérios utiliza para o estabelecimento de sua própria noção de valor”, destaca.
Pode parecer complexo, mas na prática, tudo começa quando a mulher está disposta a refletir e a mergulhar dentro de si mesma para transformar essa realidade. Você valoriza quem é, o que faz ou o que conquista? Já parou para se perguntar onde tem colocado seu verdadeiro valor? Tem associado seu valor pessoal ao que faz e conquista, como prega nosso padrão social? E de que forma esse padrão e ponto de vista acabam por influenciar negativamente as mulheres e os padrões a que são submetidas?
Eliana explica que essas questões precisam ser refletidas para que se tenha um ponto de partida para uma mudança efetiva em que a mulher se reconheça como realmente é e não se frustre diante de padrões inatingíveis que são impostos pela sociedade. Segundo ela, uma estratégia que contribui na tomada de consciência é mergulhar dentro de si, se alinhar e se voltar para as próprias experiências e observações.
A psicóloga conta que a aceitação indiscriminada, impensada desse padrão cultural de valor, baseado em conquistas externas, empobrece o senso de valor pessoal e faz com que entre em um estado de cobrança interna muito forte consigo mesma. “Este tipo de funcionamento favorece comportamentos depressivos que reforçam ainda mais a sensação de falta de valor”, esclarece.
Precisamos deixar de lado o conceito abstrato porque o valor humano acaba por ter uma base frágil, um rótulo global como vários outros, com critérios subjetivos e variáveis de acordo com cada cultura. “A ideia de identificar e definir um padrão universal de valor é uma verdadeira ilusão, que pode ser muito frustrante e prejudicial a sua autoestima. O valor humano deve ser uma construção única e pessoal, sem certo ou errado, sendo impossível determiná-la”, reforça.
A questão mais importante aqui é admitir e aceitar que o valor pessoal existe dentro de cada uma de nós, por mais que tenha experimentado ele poucas vezes ou uma única vez. Existe gravado dentro de nós essa sensação e há uma referência de valor pessoal em nossa experiência interna, por mais breve e ocasional que tenha sido.
O resultado de todo esse conjunto de esforços não é conquistado em pouco tempo. É um trabalho diário que exige coragem para mergulhar dentro de si e romper com crenças. “Precisamos ter em mente que o nosso valor é como o sol. Ele continua brilhando mesmo que não apareça. Sempre brilhando mesmo quando você está na sombra e não possa senti-lo. Ninguém pode impedi-lo de brilhar, você apenas pode se deixar ficar na sombra permitindo que o seu crítico patológico traga à tona pensamentos confusos que vão te deixar depressiva e se sentindo sem valor, mas os pensamentos são apenas pensamentos, não são a realidade. Por isso, a dica é que sinta o seu verdadeiro valor por ser quem é, por estar aqui e agora como você”, reforça.
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