"Cenário de guerra", diz limeirense que ajudou em tragédia de Petrópolis
A professora Evelyn São Pedro, coordenadora da Cufa (Central Única das Favelas) Limeira, viveu de perto a dor dos moradores de Petropólis, neste final de semana. Como representante da entidade em Limeira, Evelyn foi chamada e passou dois dias ajudando a distribuir alimentos às pessoas atingidas pelo temporal que devastou a cidade da baixada fluminense, na terça-feira da semana passada. A limeirense disse que nunca viu cenas tão tristes e pede que as pessoas continuem ajudando.
Segundo a coordenadora, ela foi chamada pela Cufa Nacional para unir forças com as Cufas do Rio de Janeiro. "Aqui de São Paulo foram representantes de algumas cidades. Chegamos lá", disse a coordenadora, "para unir forças para a Cufa do Rio de Janeiro". O local mais atingido pela intempérie da natureza está isolado pelas autoridades fluminenses, mas Evelyn disse que, de onde esteve, foi possível ver o cenário de destruição. "Era mesmo um cenário de guerra. No local, onde a gente montou o Centro de Distribuição (CD) da Cufa era caminho das equipes de resgate. Então, era o dia todo, polícia, ambulância, o Exército. Eu tive acesso a um outro local, onde a água subiu demais e o cenário é mesmo desolador", relato Evelyn.
As doações encaminhadas para a região serrana do Rio de Janeiro foram arrecadadas em diversas regiões do Estado de São Paulo. Segundo a coordenadora, que foi a única representante limeirense na comitiva, as doações das cidades paulistas foram encaminhadas juntas para Madureira, de onde saíram direto para a cidade histórica.
Outra característica da tragédia é que pessoas de todas as classes sociais foram atingidas. "A Cufa não foi lá só para ajudar as pessoas que viviam em morros, comunidades destruídas ou e em estado de vulnerabilidade social. Foi para ajudar a todas as pessoas, sem distinção de classe social, cor, sexo, religião. Todos, sem exceção, precisam de ajuda e estivemos lá com esse espírito", lembrou a limeirense.
HISTÓRIAS E CENAS
Para quem vai para estes cenários é díficil digerir que tantas vidas e histórias se perderam ao serem levadas junto com as águas da chuva. Pessoas que cavam com as mãos toneladas de barro para tentar localizar um ente querido que se perdeu em meio a tanta sujeira. Evelyn disse ter escutado os mais diversos depoimentos. Em um deles, ela alegou que ouviu de um morador que a água subiu rápida. "Teve um homem que disse que saiu para buscar a filha na escola e quando voltou já estava tudo destruído", disse. Pelas ruas, corpos de pessoas desciam junto com o barro. "Eu vi pessoas mortas, presas pelo pescoço em fio de energia elétrica. O que eu vi lá foi o caos", afirmou.
SOLIDARIEDADE
Evelyn disse que, embora a comitiva tenha sido pequena, perto de tanto alimento para distribuir, a solidariedade do povo petropolitano chamou a atenção. "A todo momento, pessoas chegavam ao CD para pedir para ajudar e a gente direcionava. A mobilização é geral. Tem muita gente que também foi atingido que está ajudando. É só você estando lá para ter noção do que está acontecendo. A TV está mostrando, você sente, mas vivenciar é outra realidade", relatou a coordenadora.
Quando perguntada sobre o momento mais dificil da breve passagem da limeirense por Petrópolis, Evelyn foi enfática: "A hora de vir embora. Porque eu voltei para Limeira, mas o problema ainda está lá, tem gente que precisa demais de ajuda naquela cidade. Eu pretendo voltar. Não sei quando, mas pretendo voltar para continuar ajudando a todos os petropolitanos", frisou a limeirense.
AJUDA
Até pela falta de um espaço para guardar as roupas, e também pela pandemia do coronavírus, o armazenamento de roupas, hoje em Limeira, é complicado. Além disso, a Cufa Limeira já conta com uma empresária que está arrecandando bastante roupas. Por isso, a coordenadora disse que, embora, todas as doações são sempre bem vindas, a necessidade maior do povo petropolitano é de produtos de higiene e limpeza.
Quem quiser ajudar, pode entrar em contato com a coordenadora da Cufa Limeira, Evelyn São Pedro, pelo Instagram @cufalimeira ou pelo WhatsApp (19) 9.8721-5493
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