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Brasil já registra casos de infecções simultâneas por covid e Influenza

A chamada dupla contaminação é constatada quando o paciente testa positivo para gripe e para Covid ao mesmo tempo. “Flurona, então, é a união dos termos "flu", de influenza, com "rona" de coronavírus”, diz o pneumologista da Unimed, Danilo Gullo Ferreira. De acordo com ele, o termo não designa uma nova doença, apenas uma forma simplificada de se referir à ocorrência simultânea de contaminações. “Não é incomum, já que estamos vivendo um surto de epidemia da influenza junto com uma pandemia de Covid, mas isso não significa maior gravidade, maior risco de morte ou de internação e intubação, até porque a variante Ômicron (que, se ainda não é a dominante no Brasil, em pouco tempo será) tem mostrado grande capacidade de transmissão, porém pouca capacidade de causar a forma grave da doença. Geralmente, o infectado pela Ômicron desenvolve um quadro gripal mais leve”, explica.

“Os riscos de desenvolver a forma grave da doença são os mesmos de quem está com Covid ou influenza isolados, que aumentam quando a pessoa já tem uma doença de base como diabetes, obesidade, hipertensão, imunossupressão, enfim, quando há algum tipo comorbidade que justifique o agravamento da doença, além dos grupos de risco de idosos e bebês, por exemplo. No entanto, isso independe de ser um ou dois vírus”.

O médico esclarece ainda que para detectar a flurona é necessário a realização dos dois testes. “Às vezes os dois vírus são detectados, mas nem sempre estão causando a doença. Para os testes de antígenos, as vezes eles pegam partículas do vírus. Então, a pessoa pode ter tido contato com um dos dois vírus e dar positivo, mas sem estar infectada por ele”, completa.

Já com relação ao tratamento, Danilo afirma que é basicamente o mesmo da gripe e da Covid. “Não tem um tratamento específico, buscamos tratar os sintomas como febre, dor no corpo, dor de cabeça e tosse. Recomendamos também muita hidratação e repouso. Já em alguns casos de pacientes com comorbidade e risco de quadro grave da influenza, pode ser usado o antiviral Tamiflu, nome comercial do oseltamivir, para diminuir os sintomas. Mas não tem necessidade de ser usado em todas os quadros, somente naqueles específicos que há riscos de agravamento”.

Ele explica ainda que o hospital Unimed, por exemplo, faz os testes mediante protocolo. “São analisados os riscos de agravamento. Não há necessidade de fazer o teste em todos, mesmo porque, na grande maioria dos casos, o tratamento não vai mudar”, cita.  

SINTOMAS

O médico ressalta ainda que os sintomas das doenças podem ter uma leve diferença. “Embora seja muito difícil de diferenciar, notamos que a gripe já inicia com uma febre mais alta (38 ou 38,5), dor no corpo, mal-estar, prostração, enquanto a Covid geralmente começa de forma mais branda: uma dor leve de garganta, tosse fraca, febre baixa, podendo aumentar a partir do sétimo, mas nem sempre aumenta. Os sintomas da gripe dura em média de cinco a sete dias, já os da Covid, dura um pouco mais, podendo chegar a 14 dias”, finaliza.

CAUSAS

De acordo com a especialistas, os casos de flurona podem ter se intensificado nas últimas semanas porque, além da pandemia do coronavírus, o país identificou surtos de influenza em diferentes regiões. A alta de casos da gripe pode ter se dado principalmente por conta da variante Darwin do H3N2, que escapa à vacina contra influenza aplicada no Brasil neste ano.

 

Infecções simultânea por covid e influenza já havia sido registrada no Brasil

 

A Organização Mundial da Saúde anunciou que nesta semana que o primeiro caso de infecção conjunta do vírus da gripe sazonal e coronavírus foi descoberto em Israel. A flurona foi encontrada, na última quinta-feira, em uma mulher grávida não vacinada que apresentava sintomas leves. Alguns relatórios sugeriram que isso marcou o primeiro caso no mundo, mas, em 2020, nos EUA, houve relatos de pacientes com gripe e covid-19. Diante disso, especialistas acreditam ser provável que muitos outros tenham sido infectados com os dois vírus, mas que não foram diagnosticados. "Trata-se da mesma doença. Elas são virais e causam dificuldade para respirar, pois ambas atacam o trato respiratório superior", disse Arnon Vizhnitser, diretor do departamento de ginecologia de um hospital de Israel.

A mulher já recebeu alta do hospital porque estava em boas condições. Mesmo assim, o Ministério da Saúde seguiu estudando o caso para ver se uma combinação dos dois vírus causava doenças mais graves.

No entanto, no Brasil já foram confirmados pelo menos 29 pacientes com a dupla infecção. Há dois casos confirmados no Rio de Janeiro, três em Fortaleza e mais de 20 no estado de São Paulo.

Uma reportagem da Agência Brasil mostra que a cidade de São Paulo registrou 24 casos de infecção simultânea por covid-19 e influenza desde 2020. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, os pacientes que contraíram as duas doenças ao mesmo tempo foram identificados a partir do monitoramento e testagem realizados desde o início da pandemia de coronavírus. “Dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) indicaram 24 registros de Srag com coinfecção de influenza e covid-19, considerando a metodologia RT-PCR detectável para ambos os vírus”, informou a pasta. Apesar desses registros, autoridades dizem que há poucos estudos que analisem as possíveis implicações clínicas ou imunológicas da coinfecção.

 

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