Foto de capa da notícia

Não crie expectativas, crie codornas

Todo início de ano somos motivadas a fazer as resoluções de Ano Novo. Eu amo. É o tipo de tarefa que me deixa inspirada e feliz conforme vou conseguindo conquistar o que está nessa lista. Já conversei com muitas pessoas que são o oposto de mim. Simplesmente detestam as famosas listas porque se sentem frustradas à medida que o tempo vai passando e elas continuam intactas.

Isso sempre me leva a refletir sobre o peso que colocamos em algo que deveria ser leve e sobre o quão flexíveis somos quando algo não sai como esperado. Eu costumo pensar que devemos levar a nossa vida como um GPS que, vira e mexe, precisa refazer a rota. Então, se as metas forem altas demais a ponto de se tornarem inatingíveis, eu volto na lista e refaço. Procuro trazer algo palpável, que me motive e me faça ter aquela sensação de prazer que gosto tanto quando conquisto um objetivo.

Neste ano, entre tantas metas pequenas, médias e grandes, eu e meu marido colocamos como meta visitar mensalmente um restaurante que amamos para experimentar os pratos, sem repetir nenhum. Serão 12 pratos diferentes no decorrer do ano. A experiência 1/12 foi incrível. Tivemos um tempo só nosso, para celebrar nosso amor e relembrar momentos que vivemos ao longo do relacionamento. Tiramos um tempo de qualidade para nós, e foi ótimo. Recomendo demais!

Como sou do tipo que acredita que tudo o que é bom merece ser compartilhado, decidi fazer um post nas minhas redes sociais sobre essa meta. Recebi mensagens de pessoas se inspirando e de outras zoando pelo fato de eu ter colocado essa meta aparentemente fácil de ser conquistada.

E é justamente aí que vem a reflexão de hoje: não espere que o que é bom para você seja bom para o outro. Não espere que outras pessoas comemorem contigo uma conquista sua. Expectativas, na maioria das vezes, geram frustração. Uma meta que causa satisfação e alegria em mim causa zero sentimento no outro. E está tudo bem.

Quem é casado e tem filhos sabe a dificuldade que é encontrar um tempo para o casal. Eu tenho o privilégio de contar com uma rede de apoio com três avós e um avô que são maravilhosos, mas tem muita gente que não tem ninguém. E se, para mim, o simples fato de ir a um restaurante uma vez por mês com meu marido me deixa feliz, imagina para quem não consegue nunca? Imagina para quem não tem rede de apoio ou não tem condições de pagar por uma?

Eu não sei o que te deixa feliz, mas meu conselho é que você reflita sobre isso. Seja um café sozinha, com amigas, ler um livro, tomar um banho ouvindo música… eu não sei. Mas descubra o que te faz bem e o que a correria do dia a dia te impede de conquistar. Estabeleça como meta, coloque no papel. E quando bater a meta, celebre esse momento. É a sua conquista, é a sua vitória! Só você sabe quais foram as renúncias que teve de fazer para conquistar esse algo que pode até parecer bobo para o outro, mas é importante para você.

Se achar pertinente, compartilhe. Mas lembre-se de que, se decidir compartilhar, sempre vai ter uma pessoa para jogar um balde de gelo na sua empolgação. Então, não crie expectativas.

Minha grande amiga Hélia Araujo, há 20 anos, me ensinou algo que levo para a vida: "Não crie expectativas, crie codornas." Assim, se algo não der certo, você pelo menos tem o ovinho da codorna para se deliciar. Pode rir, é engraçado, eu sei. Mas também é muito real.

Comentários

Compartilhe esta notícia

Faça login para participar dos comentários

Fazer Login